Coimbra. Dois médicos “afligem” câmara socialista

O médico Jaime Ramos e o médico José Manuel Silva tornaram a vida difícil ao socialista que lidera a Assembleia Nacional de Municípios

A nota tem um ano, mas não foi esquecida. Quando a comissão política nacional do Partido Socialista inseriu a Câmara de Coimbra como um dos municípios que o PS tinha em risco para as autárquicas, Manuel Machado entendeu a mensagem. Estando no seu primeiro mandato como presidente em Coimbra eleito pelos socialistas, o autarca tem, claro, a vantagem da incumbência e de ainda estar longe do seu limite de mandatos, mas o facto de o partido estar preocupado com a manutenção da sua câmara não deixa de ser relevante. É que Machado é o presidente da Assembleia Nacional de Municípios, vitória que o PS ambiciona repetir, e ver a cabeça dos seus autarcas destronada teria significado político manifesto. E já em 2013 falhara em conseguir maioria absoluta.

Para tentar evitar a queda de Manuel Machado, que já liderara a Câmara de 1989 a 2001, a direita uniu-se numa coligação que conta com o candidato do PSD, Jaime Ramos, (ex-governador civil de Coimbra e ex-presidente da Câmara de Miranda do Corvo ), e o apoio do CDS-PP, do MPT e do PPPM. Ramos é médico de formação.

Se, no resto do país, os independentes têm reduzida expressão (Lisboa), reinados surpreendentes (Porto) ou servem para conciliar maiorias de executivos, Coimbra vê este ano duas candidaturas apartidárias a dificultar a vida aos dois maiores partidos. O movimento Cidadãos Por Coimbra [CdC], que conseguiu eleger um vereador há quatro anos, candidata-se com o apoio do Bloco de Esquerda (e o veterano José Manuel Pureza nas listas), e o movimento Somos Coimbra, com José Manuel Silva, devem conseguir roubar um 1/4 da votação ao centrão, que também terá de a dividir com Francisco Queirós, da CDU, que se recandidata e viabilizou a minoria do PS durante os últimos quatro anos.

Nesse sentido, Jorge Gouveia Monteiro pelo “CpC”, ex-comunista, e Queirós, comunista, podem furtar eleitorado à esquerda de que Manuel Machado necessitaria para consolidar uma maioria. Enquanto José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, acaba por prejudicar a tentativa da direita novamente unida de reconquistar Coimbra, com o seu movimento “Somos Coimbra” a ganhar momentum nas sondagens. O antigo bastonário dos médicos rivaliza com outro doutor: Jaime Ramos.

Dito de outro modo? Os movimentos independentes podem ser responsáveis para ficar tudo na mesma – ou por mudar tudo da maneira que PS e PSD não desejariam.

Na batalha dos médicos, fala-se em aeroportos

Num tempo em que o governo socialista quer começar a preparar a próxima década em obras públicas, o presidente socialista da Câmara de Coimbra, ouviu e propôs. Um aeroporto. “Coimbra precisa dessa infraestrutura”, assegurou Machado, na sua apresentação de candidatura, invocando o crescendo de turismo na região. Os outros candidatos, da direita à esquerda, desvalorizam a ideia, preferindo os seus projetos, ou preocupam-se que o projeto desvaloriza outras necessidades. O certo é que Manuel Machado já reafirmou a prioridade uma mão cheia de vezes. Resta saber se voa para a reeleição. Ou não.