Ryanair com mais cancelamentos à vista

De forma a evitar mais cancelamentos, a Ryanair disponibilizou-se a pagar um bónus aos pilotos que aceitassem trabalhar nas folgas. No entanto, a medida não teve efeito.

Perante vários anos de más práticas por parte da companhia aérea de baixo custo, estes trabalhadores recusaram a proposta. Trabalhar? Só “segundo as regras”.

Na prática, isto significa que novos cancelamentos se venham juntar à já longa lista de voos que não serão realizados.

De acordo com o The Guardian, esta posição de força dos pilotos poderá fazer com que a companhia continue a braços com cancelamentos até ao mês de novembro, quando inicialmente se esperava que a situação ficasse resolvida ainda em outubro.

"Gostaríamos de aconselhar que, com efeito imediato, a força de trabalho dos pilotos das bases listadas abaixo rescinda da boa vontade que foi dada à empresa durante muitos anos, incluindo dias úteis e início de trabalho mais cedo. Em suma, devemos agora trabalhar segundo as regras", pode ler-se numa carta a que a publicação teve acesso.

Ainda que a companhia já tenha admitido que fez “asneira” em relação às férias dos colaboradores, o problema persiste já que muitos pilotos têm estado a deixar a transportadora.

De desculpa em desculpa, a Ryanair tenta fazer face ao polémico cancelamento de vários voos. Inicialmente, a empresa garantia que se tratava de um problema ligado à baixa pontualidade da companhia aérea de baixo custo, mas mais tarde apareceu a história das férias.

O presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, sublinhou várias vezes que o problema com os pilotos tinha a ver com uma falha no planeamento de férias e garantiu que não faltam trabalhadores, No entanto, só a concorrente Norwegian Airlines já contratou mais de 140 trabalhadores e promete não ficar por aqui.

 A verdade é que, de acordo com a associação de pilotos irlandesa, só neste último ano financeiro, a transportadora aérea de baixo custo já perdeu 700 pilotos. ”Não há pilotos para voar”, explica a mesma fonte, acrescentando que “a situação vai piorar porque estamos a assistir a um verdadeiro êxodo de pilotos para companhias do Médio Oriente e da China, por exemplo.

A juntar-se à situação dos pilotos, muitos deles sem contrato e ao serviço como prestadores de serviços, estão ainda os assistentes de bordo preparados para saltar para novos voos, assim que surgir uma oportunidade. “As pessoas estão descontentes com a forma como a Ryanair trata os trabalhadores. Ia sempre chegar o dia em que as pessoas se iam cansar de serem mal tratadas”, revela ainda uma outra fonte.