Conferência da ONU. Medidas adotadas visam tornar idosos parte ativa da sociedade

Portugal é o terceiro país a receber a Conferência Internacional das Nações Unidas acerca do envelhecimento saudável

Assinala-se hoje, sexta-feira, o segundo e último dia da Conferência Internacional das Nações Unidas, que decorre no Centro de Congressos de Lisboa e que reúne representantes de 55 países e mais de 400 participantes, para debater a sustentabilidade do envelhecimento ativo na Europa. O foco principal deste evento foi traçar e definir medidas a serem colocadas em prática nos próximos cinco anos sobre como mudar e melhorar a qualidade de vida dos idosos.

O dia começou com o discurso do Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva, que deu relevo ao principal objetivo deste dia: “adotar um novo instrumento – a Declaração Ministerial de Lisboa – que traça as principais prioridades na promoção e implementação do MIPAA e da sua Estratégia de Implementação Regional”.

No seu discurso destacou ainda o facto de, atualmente, estarmos perante uma “evolução demográfica desfavorável que exige uma resposta do lado do crescimento e do desenvolvimento económico, mas também impõe opções sustentáveis do lado da proteção social”. A implementação do plano de Madrid (MIPAA) em 2002, pretende dar resposta aos vários desafios que os idosos enfrentam em termos socioeconómicos, culturais, cívicos e políticos. “Assim, torna-se essencial reforçar as ligações do MIPAA com ações governamentais e supra nacionais que têm impacto sobre o envelhecimento da população europeia”, referiu Vieira da Silva.

Medidas e desafios traçados

No seu discurso, o ministro referiu alguns dos desafios que ainda têm de ser combatidos pela sociedade relativamente ao envelhecimento, pontos e medidas cruciais que serão adotados esta sexta-feira, com a Declaração Ministerial de Lisboa: “Permitir aos idosos desenvolver os conhecimentos e habilitações necessárias para o exercício de uma cidadania ativa; aproximar os cidadãos e criar uma sociedade voltada para o futuro, que incentive o papel dos idosos e permita que todos possam viver com dignidade, independentemente da idade, sexo, raça ou origem étnica, religião ou orientação sexual; permitir que as sociedades possam vir a beneficiar cada vez mais das capacidades e conhecimentos das pessoas mais velhas e que ao mesmo tempo possa garantir a sua integração, participação e não discriminação nas sociedades e promover o contacto, a partilha de experiências e o entendimento mútuo entre gerações, para fortalecer os respetivos laços de solidariedade”, referiu.

Mais tarde, em conferência de imprensa, Marianne Thyssen, Comissária para o Emprego, Assuntos Sociais, Competências e Mobilidade Laboral da Comissão Europeia, relembrou e reforçou que “os idosos contribuem ativamente para a nossa sociedade” e que precisamos de os ajudar a “tornarem-se aptos para participarem na sociedade, através da aplicação das suas habilidades”. Marianne Thyssen referiu ainda que a Comissão tem trabalhado nesse sentido através de uma iniciativa – The European Pilar of Social Rights – que visa abordar “os desafios demográficos e digitalização”.

Na mesma linha, José António Vieira da Silva, destacou o papel das organizações da sociedade civil. “O reconhecimento da importância de cada organização na resposta a estes desafios” é um dos pontos a ser reforçados com a declaração, visto tratarem-se de entidades que ajudam os mais idosos a integrarem e participarem ativamente na sociedade. Para o ministro, a ideia mais importante e forte desta conferência é “a realização de um potencial de viver mais tempo”, e completa, dizendo que “não se trata apenas de um direito”, mas sim de uma “necessidade do conjunto da sociedade”.

“Ninguém deve ser deixado para trás”, rematou Marianne Thyssen, ideia principal de todas as medidas tomadas nesta conferência. Da Declaração Ministerial de Lisboa resultam três ideias principais: reconhecer o potencial, reconhecer as habilidades e incluir os idosos de forma digna na nossa sociedade.

Portugal é o terceiro país a receber esta conferência, que pretende promover o envelhecimento ativo, saudável e digno. A avaliação das medidas tomadas é feita de cinco em cinco anos desde que o plano de Madrid foi decidido, em 2002.