Curdistão. Turcos ameaçam referendo com guerra, fome e pobreza

Erdogan aumenta tom das ameaças. Setenta e dois por cento dos curdos votaram na segunda. 

O presidente turco afirmou esta terça-feira que em em breve pode impor um bloqueio económico à população curda iraquiana por causa do referendo à independência de segunda-feira, e assim levá-la à fome e miséria, como castigo por ter contrariado a sua vontade.

Recep Tayyip Erdogan, que ao final do dia de segunda-feira recebeu tropas iraquianas para conduzir exercícios militares conjuntos na fronteira da região semi-autónoma, assegurou que se o governo regional de Massoud Barzani não voltar atrás com o referendo, os curdos podem cair na guerra. 

“Se Barzani e o governo regional curdo não recuarem neste erro o mais rápido possível, cairão na vergonha da História por ter arrastado a região no sentido da guerra étnica e sectária”, disse esta terça-feira o presidente turco, que, como o Irão, outro vizinho dos curdos, está preocupado com os seus próprios movimentos separatistas turcos. 

“Isto acabará quando fecharmos as torneiras do petróleo, todas as suas receitas desaparecerem e eles não conseguirem encontrar comida quando os nossos camiões deixarem de ir para o norte do Iraque”, sentenciou o líder turco, que há dois anos reavivou a guerra contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão – PKK. o maior grupo separatista turco – em tempo de eleições, causando a morte de milhares de pessoas, bombardeando zonas do Curdistão iraquiano e provocando meses de guerra mais ou menos aberta no leste do país. 

O governo regional curdo do Iraque ainda não divulgou os resultados do referendo independentista de segunda-feira, que organizou contra praticamente todos os vizinhos e principais potências, mas o site de notícias curdas Rudaw avançava esta terça que 72% dos eleitores votaram.

No entanto, ninguém duvida que o “sim” vença com larga margem. Barzani e o seu governo regional – que tentam beneficiar também nas eleições do próximo mês – dizem que a separação não ocorrerá de imediato e que um voto favorável deve iniciar, isso sim, um período de negociações com Bagdade. O primeiro-ministro iraquiano, no entanto, já recusou fazê-lo.