Agência do Medicamento arrisca perder maioria do staff se mudar para a cidade errada

Sondagem feita junto dos trabalhadores revela que candidaturas menos populares poderiam levar a saídas massivas. E as farmacêuticas estão a contratar

O alerta é da própria Agência Europeia do Medicamento (EMA), cujo futuro se decidirá ao mais alto nível europeu em outubro. Com o brexit, é preciso encontrar uma nova localização para a EMA, sediada em Londres, e há 19 cidades na corrida – entre as quais o Porto. Uma sondagem feita junto dos trabalhadores revela que, no melhor cenário, a agência conseguirá manter 81% dos 900 funcionários. No pior cenário, arrisca-se a reter menos de 30%, já que os outros não estão dispostos a mudar para algumas das localizações em cima da mesa.

A sondagem da EMA teve a participação de 92% dos trabalhadores e organizou as cidades em vários grupos consoante a vontade do staff em fazer as malas ou não, mas não identifica as candidaturas em causa. Ainda assim, as diferenças são notórias.

Há uma cidade em clara vantagem, para a qual 81% dos trabalhadores dizem estar dispostos a ir. Segundo o “Politico”, trata-se de Amesterdão. Há depois outras quatro cidades na corrida onde os níveis de retenção também seriam elevados. No extremo oposto, há três cidades para as quais 90% ou mais dos trabalhadores – portanto nove em cada dez – não tencionam mudar-se. Segundo o “Politico”, trata-se de Varsóvia, Bucareste e Sofia.

Sobre a posição do Porto na corrida, nada se sabe, mas não estará nem no topo nem no extremo. O “Politico” avança que Barcelona e Viena estarão igualmente no pódio das preferências.

A EMA alerta que o pior cenário de retenção significa que a agência deixaria de ser capaz de funcionar, o que teria importantes consequências para a saúde pública na Europa, um aviso de peso agora que está cada vez mais perto a tomada de decisão.

A agência traça mesmo vários cenários: nas cinco cidades candidatas que reúnem a preferência do staff, a EMA levaria dois a três anos a voltar a funcionar normalmente. Nas restantes, os doentes ficariam mais tempo à espera da aprovação de medicamentos e a confiança na instituição começaria a degradar-se. No caso de outras cinco cidades, seria preciso três a cinco anos para a agência recuperar o ritmo e ainda há um a cidade das 19 onde o colapso não seria evidente, embora a agência estime que a recuperação levaria dez anos. Por fim, são oito as cidades que a EMA avisa que obrigariam a medidas de emergência ao nível europeu e poderiam causar danos permanentes no sistema de avaliação e vigilância de medicamentos na Europa, com os doentes a pagar a fatura.

Para onde iriam os trabalhadores que optem por não seguir viagem com a EMA? A contratação por parte de farmacêuticas é uma das hipóteses. Se a contratação de quadros da agência é comum, o i sabe que nos últimos meses tem-se assistido a mais ofertas de emprego.

Depois da reviravolta na candidatura portuguesa este verão, que inicialmente propunha Lisboa e acabou com a formalização da candidatura do Porto, o governo tem apostado na promoção do país junto da EMA e das instituições europeias. Na semana passada, após uma visita a Bruxelas nesse âmbito, o ministro da Saúde disse acreditar que Portugal tem potencial para vencer a corrida.