Tempo de crescimento económico rápido e fácil em Angola acabou

Falta de diversificação, pouco investimento, em especial estrangeiro, e dívida pública alta marcam atualidade angolana

As previsões mais recentes apontam para um crescimento, fraco, da economia angolana nos próximos anos. Há vários fatores a explicar, como  a falta de diversificação da economia, a dependência do petróleo, o clima económico difícil ou a falta de competitividade em alguns setores.

A Capital Economics antevê um crescimento da economia de Angola de 2% este ano e 2,5% no próximo depois de uma recessão de 4% em 2016. Já a Economist Intelligence Unit (EIU) resume que o crescimento da economia, dados os parcos resultados do processo de diversificação, vai mais uma vez depender da evolução dos preços do petróleo, com a previsão de crescimento do PIB a ser de 2,5% para o período entre 2017 e 2021. 

De acordo com o professor da Universidade Católica de Angola (UCAN), Alves da Rocha, o  “tempo do crescimento rápido e fácil acabou, tendo terminado em 2008, seis anos de mini-idade de ouro do crescimento angolano”. Para o economista, “sem reformas estruturais de mercado, sem o combate à corrupção e à burocracia e sem a criação de um ambiente de negócios saudável, transparente que atraia investimento privado, nomeadamente estrangeiro, a dinâmica de crescimento”, será fraca.

O mais recente indicador de clima económico do Fórum Económico Mundial (FEM) aponta para uma deterioração da perspetiva e segundo o Banco Mundial, Angola desceu para a 182.ª aposição entre 190 países no que respeita à facilidade em fazer negócios (‘doing business’).  

Falta de IDE Cobus de Hart, analista da sul-africana NKC Africa Economics, lembra que “as autoridades estão a tentar diversificar a diversificar a economia do setor do petróleo para setores como a mineração, a agricultura e o a indústria, mas este tem sido um processo lento e que é mais difícil por falta de investimento direto estrangeiro”.

Desde 2011 que a UCAN tem apresentado trabalho sobre a a diversificação da economia angolana. Mas o Relatório Económico da instituição retirou em 2016 o capítulo referente a “este assunto, da máxima importância para o país. E se resolvemos retirar esse capítulo foi porque nada tem acontecido”, revelou Alves da Rocha. 

“Angola recolheu de receitas de exportação de petróleo entre 2002 e 2016 cerca de 580 mil milhões de dólares norte-americanos, mas neste momento a economia não tem dinheiro e o Estado vive do aumento sistemático da sua dívida pública”, explica o professor.

Para além da dívida pública e da economia quase estagnada, a inflação alta e os problemas monetários – indisponibilidade de divisas e a incerteza cambial são apontadas como obstáculos. 

De acordo com a EIU expectativa é que a inflação continue elevada, à volta de 30%, e que a ausência de dólares no sistema bancário fará com que o valor oficial continue desfasado do valor do mercado negro. 

A EIU chama a atenção para a condução da política monetária pelo poder político, o que torna razoável assumir que o banco central de Angola estará sob pressão para ser mais tolerante em caso de falta de crescimento da economia.