Marcelo Rebelo de Sousa. Presidência aberta em Luanda cria o ‘tio Celito’

O Presidente português é uma verdadeira popstar. No meio de um conflito diplomático conseguiu arrefecer os ânimos com uns mergulhos na praia do Coconuts, um jogo de basquetebol e dezenas de selfies…

 O cenário não era o mais simpático. Marcelo ia à tomada de posse do novo Presidente angolano e não podia levar António Costa, o seu companheiro de viagem a Paris, Barcelona… O primeiro-ministro não foi convidado e, por isso, Marcelo tinha uma árdua tarefa. Pôr água na fervura no conflito judicial que opõe Portugal a Angola, no que diz respeito ao julgamento do ex-vice-Presidente Manuel Vicente. As autoridades angolanas tinham enviado uma nota de repúdio ao Ministério dos Negócios Estrangeiros portugueses, alegando que o seu governante, à luz do Direito Internacional, não pode ser julgado em Portugal, já que goza de imunidade.

A tal nota de repúdio, que tem o nome pouco pomposo de nota verbal, acusava o Governo português de ingerência na soberania angolana e exigia explicações. Angola dava e dá a entender que, se o seu pedido não for aceite, que pode cortar relações diplomáticas com os portugueses.

Perante este cenário o que fez Marcelo? Pouco tempo depois de aterrar em Luanda foi dar um mergulho às praias da Baía, andou pela universidade a rever antigos alunos, tirou dezenas de selfies e até jogou basquetebol. Quem conhece Angola, sabe perfeitamente que o povo adorou o comportamento de Marcelo que rapidamente o passou a tratar por ‘tio Celito’. O Presidente português, conseguiu dessa forma, amansar a hostil imprensa oficial angolana, acabando por criar um clima mais desanuviado. E tanto assim foi, que aquando da apresentação dos convidados oficiais, Marcelo teve direito a uma ovação digna de uma popstar, já que o povo angolano adorou ver um Presidente ter um comportamento semelhante ao comum dos mortais.

Calculo que a conversa nos gabinetes oficiais não terá sido tão fácil como o foi a ‘presidência aberta’ pelas ruas e praias de Luanda. Afinal, no discurso de tomada de posse, João Lourenço não deixou de mostrar ao Governo português o quanto o seu Executivo está chateado com a situação de Manuel Vicente e que Portugal sofrerá as consequências de não respeitar os acordos internacionais.Para já, o novo Presidente angolano colocou Portugal no grupo dos países ‘não amigos’, elegendo a Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido como seus parceiros privilegiados na Europa.
Marcelo fez o seu trabalho. Caberá agora à Justiça dizer de sua justiça…