EUA admitem pela primeira vez contactos diretos com a Coreia do Norte

Secretário de Estado americano sinaliza uma política de maior abertura com Pyongyang. 

Pela primeira vez desde que o governo de Barack Obama se afastou de negociações com Pyongyang, e que o atual presidente americano iniciou com Kim Jong-un um período de tensão elevada, insultando-o por exemplo nas Nações Unidas, os Estados Unidos admitem ter um canal de diálogo aberto com o regime da Coreia do Norte.

“Estamos a sondá-lo, por isso mantenham-se atentos”, declarou este sábado o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, falando de possíveis negociações sobre os programas nuclear e balístico coreanos. O responsável americano, há muito um advogado público de maior contacto com o regime, encontrou-se este sábado com o líder chinês.

“Nós perguntamos: ‘gostariam de conversar?’”, prosseguiu Tillerson, numa conferência de imprensa, sem confirmar, contudo, se o regime está ou não a responder aos avanços americanos. “Temos linhas de comunicação para Pyongyang, não estamos numa situação negra, num blackout. Temos um par, [ou] três canais abertos a Pyongyang.”

“Podemos falar com eles”, disse Tillerson, “nós falamos de facto com eles”. O secretário de Estado até foi ao ponto de dizer que os canais estão estabelecidos “diretamente” e não através, por exemplo, de Pequim, o grande aliado da Coreia do Norte sobre o qual os Estados Unidos tentam exercer pressão para atingir o tecido económico do regime.

A admissão deste sábado é notável tendo em conta que os Estados Unidos, desde que Barack Obama instituiu a política da chamada “paciência estratégica”, pouco depois de chegar ao governo, não são conhecidos canais diretos entre Washington e Pyongyang em torno dos programas militares norte-coreanos.

É verdade que os EUA e a Coreia negociaram este ano a libertação do estudante norte-americano encarcerado numa visita turística ao regime, Otto Warmbier, que regressou ao país em coma e morreu semanas depois. Mas não se sabiam de programas de contacto sobre o desenvolvimento de mísseis e bombas atómicas, o grande ponto de tensão.