Catalunha. Polícia encerra centenas de escolas para evitar referendo

Várias dezenas de escolas foram entretanto ocupadas por defensores da consulta. Polícia diz que têm de abandonar os edifícios até às seis da manhã de domingo. 

As autoridades espanholas encerraram este sábado mais de metade das 2315 escolas que o governo regional Catalão designou como espaços de votação para o referendo deste domingo. Apenas não conseguiram encerrar as 162 que estão ocupadas por defensores da consulta e que estão, em alguns casos, acompanhados dos seus filhos.

À medida que pelo país se realizam manifestações de apoio e protesto ao referendo, os agentes da Guarda Civil e Mossos d’Esquadra realizam operações para esvaziar os lugares em que pensam que o referendo pode ser organizado. Aos ocupantes das escolas alertou que têm de abandonar os edificios até às seis da manhã locais de domingo.

De acordo com o diário catalão “La Vanguardia”, a Guarda Civil vai ocupar até segunda-feira o edifício do Centro de Telecomunicações e Tecnologia de Informação de forma a garantir que não existirá voto eletrónico. Os tribunais espanhóis e catalães proibiram o referendo, mas a maioria independentista no executivo regional insiste em realizá-lo.

“Decidimos numa reunião que vamos enviar os miúdos para casa”, contava este sábado Quim Roy ao jornal britânico “Guardian”. Roy, que está a ocupar a escola primária Congrés-Indians para evitar que as autoridades a encerrem, recusa a ideia de que os menores foram levados para lá para serem usados como escudos humanos. “É uma enorme mentira.”

“A única coisa que para mim é clara é que não vou adotar qualquer violência”, prossegue Roy ao “Guardian”. As polícias espanholas têm ordens para encerrar os supostos lugares de voto, mas também receberam instruções para não retirar ninguém com uso de violência.

“Se me disserem que não posso estar numa escola pública para exercer os meus direitos democráticos, terão de me tirar daqui para fora", avança Quim Roy, que tem dois filhos e, admite, "há medo" entre os ocupantes da escola Congrés-Indians. "Não resistirei, mas terão de me levar a braços para fora.”