Catalunha não tem direito à independência

Apesar de sensível à questão identitária, tudo aquilo me parece artificial e conduzido por aprendizes de feiticeiro que poderão (quererão?) incendiar toda a Europa

1.Catalunha. O chamado referendo pela independência terá lugar este domingo. Confesso-me ambivalente. Apesar de sensível à questão identitária, tudo aquilo me parece artificial e conduzido por aprendizes de feiticeiro que poderão (quererão?) incendiar toda a Europa. No fundo cheira-me a uma sublevação liderada por uma vanguarda revolucionária (qual bolcheviques pós-modernos). Como José Manuel Fernandes mostra numa fria, lúcida e profunda análise publicada no Observador, a independência não tem razão nem à luz do direito internacional nem à luz do direito espanhol. Aqui o contraste com a Escócia, como Fernandes nota, é claríssimo. O argumento histórico também é fraco pois a Catalunha goza hoje de uma autonomia ímpar na sua história e mesmo em comparação com  estados em algumas federações democráticas. Por outro lado, num mundo de interdependências e soberanias partilhadas como o que se vive na UE, parece-me haver pouco up-side numa separação seguida de uma integração e diluição numa ‘UE a n’ (e onde a dimensão  é um trunfo). Dito tudo isto,  se acreditar num mundo de relações internacionais em que a dimensão traz poder e em que esse poder se define por comparação com o poder dos outros, um português calculista não pode deixar de sorrir face à perspetiva  do desmembramento do domínio castelhano em Espanha. Numa Ibéria de Estados-nação Portugal apenas será fortalecido.

2.Au …quê? Estou completamente por fora das autárquicas. Nem sei que têm lugar. E estou convencido que para Lisboa onde vivo não fará a mais pequena diferença quem ganha. Qualquer voto será sempre por considerações nacionais. 

3.Armadilhas. Resquício de um antigo emprego, fui testemunha num Tribunal de Trabalho de Londres num processo que opunha a Universidade (meu empregador) a um professor demitido por «má-conduta grosseira». For uma grande lição de civilidade, clareza procedimental e de classe da juíza. Mas aprendi também o cuidado que as equipas de gestão devem ter com os emails que trocam entre si.  No RU (como, julgo, que na função pública em Portugal) o trabalhador tem direito a solicitar acesso a toda a comunicação interna onde apareça referido. Uma troca de emails mais «distendida» entre o CEO e um dos administradores ia deitando a perder uma caso que parecia claro.