Malásia. Homicidas de Kim Jong-nam declaram-se inocentes e enganadas

Malásia não acredita no argumento do programa de apanhados e diz que as duas mulheres ensaiaram o homicídio.

As duas mulheres que há oito meses espalharam um agente químico altamente tóxico na cara do meio-irmão do ditador norte-coreano declararam-se esta segunda-feira inocentes na sua primeira ida a tribunal.

A vietnamita Doan Thi Huong e a indonésia Siti Aisyah insistem que foram enganadas por agentes norte-coreanos, que, segundo explicam, as convenceram de que estavam a participar num programa de apanhados e que Kim Jong-nam era apenas uma vítima indolor.

As duas mulheres são para já as únicas em julgamento pelo homicídio de fevereiro, em pleno aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, e a meio da manhã. Os procuradores malaios procuram ainda quatro homens coreanos ligados ao homicídio que, contudo, parecem ter fugido do país no próprio do assassinato.

A Interpol anunciou em março um mandato de “alerta vermelho” para a sua captura, mas há poucas hipóteses de os homens serem encontrados.

A Coreia do Norte nega qualquer culpa pelo homicídio de Kim Jong-nam, o meio-irmão de Kim Jong-un, que há anos está fora da linha de sucessão, o que aconteceu assim que foi apanhado com um passaporte falso no Japão, onde tentava ir à Disneylândia.

Mas o químico utilizado, chamado VX, é uma arma altamente sofisticada e poucos países a têm. Um deles é a Coreia do Norte. As duas mulheres esfregaram dois compostos na cara de Kim que, combinados, o mataram em poucos minutos. Os EUA, por exemplo, consideram o VX uma “arma de destruição maciça ”.

Os advogados de defesa devem insistir no álibi de que, para as duas mulheres, tudo se passava de uma brincadeira. O Ministério Público, no entanto, diz ter provas de que elas praticaram o homicídio em centros-comerciais “sob a supervisão de quatro pessoas”, segundo a BBC.

O homicídio provocou o corte de relações entre a Malásia e a Coreia do Norte. Os dois países chegaram a deter temporariamente cidadãos uns do outro, até enfim trocarem de reféns pouco depois do homicídio.