China Three Gorges, o maior acionista, reforça posição da EDP

A empresa estatal chinesa passa a deter 23,26% do capital da companhia energética portuguesa num investimento de 208 milhões de euros 

A CTG, principal acionista da EDP, passou a deter 23,26% do capital da companhia energética portuguesa. A empresa chinesa, que detinha 21,35% da EDP, anunciou a aquisição de 70,1 milhões de ações do capital social da EDP. A operação implicou um investimento de 208 milhões de euros.

A informação foi avançada hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pela EDP. A empresa revelou que recebeu da China Three Gorges (CTG) a indicação de que a transação decorreu “fora de mercado” no dia 29 de setembro e que cada ação foi adquirida por 2,9637 euros. Uma vez que a CTG adquiriu 70 143 242 ações, nesta aquisição o grupo chinês gastou 207,9 milhões de euros.

“Considerando que a signatária era titular, em momento anterior ao da transação, de 780 633 782 ações representativas de 21,35% do capital social da EDP, após a transação passou a mesma entidade a deter 850 777 024 ações” e respetivos direitos de voto, lê-se ainda na informação ao mercado.

Uma vez que a CTG tinha até aqui 21,35%, com este reforço fica a deter uma participação de 23,2683%. Este é o primeiro reforço da China Three Gorges na EDP, em cujo capital entrou no final de 2011, quando desembolsou 2700 milhões de euros para comprar 21,35% da empresa energética liderada por António Mexia.

O anúncio da operação traz de novo à atualidade o futuro da EDP e qual o papel que a empresa estatal chinesa quer desempenhar nesse futuro, depois de a espanhola Gas Natural ter sondado os acionistas da EDP com vista a uma fusão. A CTG terá dito não, uma vez que tem como objetivo comandar o crescimento da empresa energética portuguesa através da compra de ativos. 

Plano de aquisições

De acordo com o comentador Marques Mendes, o presidente da Gas Natural, Isidro Fainé, que esteve em Lisboa para informar o governo da sua intenção, foi à China “cheio de entusiasmo e regressou relativamente conformado com um não dos chineses”.

De acordo com o mesmo comentador, a CTG tem um plano, para ser levado a cabo ao longo dos próximos dois anos, que pode passar por realizar um aumento de capital com o objetivo de fazer novas aquisições. Este reforço de posição no capital da EDP parece apontar nesta direção. 

Na sua visita anual a Portugal, no final de agosto, o vice-presidente da CTG afirmou que, como “acionista da EDP, estamos satisfeitos com o nosso investimento na EDP e estamos satisfeitos com o desempenho da empresa e dos seus administradores”. 

Na mesma ocasião, Lin Chixue disse que a CTG quer aumentar os investimentos internacionais em conjunto com a EDP. A energética estatal chinesa admite poder avançar para os países lusófonos africanos se identificar oportunidades de investimento.