Tillerson nega rumores de demissão, mas nada diz sobre chamar “grande estúpido” a Trump

O quarto homem na linha de sucessão americana pode ter pensado em demitir-se no verão. Terá sido dissuadido pelo grupo dos “responsáveis”.

O secretário de Estado norte-americano recusou esta quarta-feira as indicações de que esteve perto de se demitir no final do verão, como avançava de manhã uma reportagem da cadeia televisiva NBC, dizendo numa conferência de imprensa que nunca considerou abandonar o posto, que é um dos mais importantes no governo dos Estados Unidos e o deixa em quarto lugar na linha de sucessão à presidência.

Mas Rex Tillerson nada disse esta tarde sobre uma outra indicação na reportagem, que defende, com base em várias fontes não identificadas, que, pela altura em que estaria a considerar sair, o alto-responsável americano insultou o presidente, chamando-lhe “estúpido” ou “grande estúpido” – esta versão mais violenta era noticiada esta tarde pela jornalista da MSNBC Stephanie Ruhle.

“Não vou lidar com coisas mesquinhas como essa”, limitou-se a dizer Tillerson, em Washington, defendendo em seguida Donald Trump e a missão do governo, mas nunca respondendo a questões sobre o insulto. “Ele ama o seu país”, afirmou. “Põe a América e os americanos primeiro. É inteligente. Exige resultados onde quer que esteja e responsabiliza os que o rodeiam sobre o trabalho que lhes pediu para fazer.”

Tillerson deixou o insulto no ar e, ao fazê-lo, criou um burburinho que caiu para as mãos do seu gabinete horas depois. “O secretário não usa esse tipo de linguagem para falar sobre o presidente dos Estados Unidos”, esclareceu a sua porta-voz, Heather Nauert, numa outra conferência. “Ele não o disse”, lançou, apesar de, por essa altura, a ideia de que Tillerson tentou evitar uma verdade inconveniente já ganhasse vida própria.

A NBC defende a sua reportagem e avança que Tillerson ameaçou demitir-se no momento em que Donald Trump fez um discurso à Associação Nacional de Escuteiros falando sobre festas de cocktail em Nova Iorque, atacando inimigos e engrandecendo a sua vitória eleitoral. Tillerson parece ter sido apenas demovido pelos responsáveis com passado militar que compõem o núcleo dos chamados “responsáveis”: John Kelly, chefe de gabinete; e James Mattis, na Defesa.

“Nunca pensei em qualquer momento abandonar [o governo]”, afirmou o secretário de Estado, que parece estar desde o início de fora do círculo de íntimos do presidente e é regularmente desautorizado em público por Trump, que, só na última semana, escreveu no Twitter que Tillerson estava “a perder o seu tempo” a abrir canais de diálogo com a Coreia do Norte, como o responsável anunciara dias antes.