Geringonça. Jerónimo faz ataque violento a PS e BE

Líder comunista acusa PS de usar “argumentos falsos” em  municípios que eram geridos pelos comunistas e do BE usar a calúnia para denegrir a CDU.

Para o secretário-geral do PCP, a perda de 10 presidências de câmaras municipais nas eleições está relacionada com um “quadro de hostilização” que tem sido feita ao longo dos últimos meses, criticando os “cangalheiros e frustrados” que vaticinam “até à exaustão” a morte do partido. “Não se pode omitir o quadro de hostilização que acompanhou a intervenção do PCP e da CDU ao longo dos últimos meses e a sua negativa influência na afirmação do nosso trabalho, da nossa obra, da nossa intervenção e do nosso próprio projeto”, afirmou Jerónimo de Sousa durante a sua intervenção num comício ontem em Matosinhos. 

As críticas do líder comunista foram mais longe ao afirmar que se assistiu a uma campanha contra o partido que “com pretextos diversos procurou avivar preconceitos, atribuir ao PCP posicionamentos e valores que não são seus” e de uma “ação persistente de desvalorização do papel do PCP na vida política nacional, silenciando a sua atividade”. E é aqui que, de acordo com Jerónimo de Sousa, houve intervenção tanto do Partido Socialista como do Bloco de Esquerda contribuindo para denegrir a imagem do PCP. 

“Vimos uma intervenção do PS a desenvolver uma ação a partir dos seus candidatos e alguns dirigentes partidários, particularmente concentrada em municípios de maioria da CDU, de ataque à gestão da CDU baseada em argumentos falsos e muitas vezes ofensivos”, garantiu.
Já em relação ao BE, segundo o secretário-geral comunista, houve a “opção de fazer da redução da influência da CDU o seu objetivo principal, não olhando a meios para, por via da falsificação e mesmo da calúnia, denegrir a CDU e o poder local”.

Afasta pressões

Jerónimo de Sousa lembrou, no entanto, que o partido conquistou “mais de meio milhão de votos” e que nada “afrouxa a determinação do PCP de continuar a intervir para responder aos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo”. 
O que é certo é que o partido comunista obteve o pior resultado de sempre em eleições autárquicas passando de 34 para 24 presidências de municípios e perdendo mais de 63 mil eleitores, ficando-se pelos 489.189 votos. Almada (Setúbal) e Castro Verde (Beja) foram dois dos municípios que estavam sob a sua liderança desde 1976 e que passaram para a alçada socialista. 

Jerónimo de Sousa veio, no entanto, garantir que o partido não se deixará “condicionar por pressões” ou “conselhos envenenados”, que o caminho a seguir é o da consolidação das medidas tomadas que levaram ao crescimento económico do país. 

Quase em vésperas de apresentação do Orçamento do Estado para 2018, o líder comunista chama a atenção para o facto de a consolidação das medidas tomadas não se compadecerem com “o arrastamento e adiamento de respostas e soluções, como pretende o governo PS”, acrescentando ainda que, “nada justifica que se continue a resistir ao necessário aumento dos salários, particularmente à fixação do salário mínimo nacional em 600 euros em janeiro de 2018”.