Montenegro não avança para líder do PSD

O ex-líder parlamentar não vê “condições” para suceder a Passos Coelho

Luís Montenegro não será candidato à liderança do PSD nas eleições diretas, que se realizarão dia 2 de dezembro deste ano. O antigo líder do grupo parlamentar ‘laranja’ não enfrentará assim Rui Rio, que já tornou pública a sua candidatura, e deixa espaço para Paulo Rangel avançar na disputa pela sucessão a Pedro Passos Coelho.

Em comunicado a que o i teve acesso, Montenegro esclarece que “por razões pessoais e políticas, não estão reunidas as condições” para avançar para a liderança do PSD. O parlamentar adianta também que manterá “total equidistância face às candidaturas que vão surgir”, não se “furtando a dar contributos e a partilhar reflexões que os candidatos aproveitarão, se assim o entenderem”.

“Como militante de base que hoje sou, e como é obrigação de todos, não deixarei de fazer a minha opção e de participar, com o meu voto, na eleição direta e no Congresso Nacional que se lhe seguirá”, garante. A decisão de não avançar foi feita após “uma reflexão profunda sobre a nova fase que se abriu” no PSD “com a decisão anunciada da não recandidatura” de Pedro Passos Coelho. Luís Montenegro fez ainda questão de deixar um agradecimento por “todas as opiniões, contributos, manifestações de apoio e incentivo” que nestes dias lhe “chegaram de todo o território nacional e da nossa diáspora”.

“Num momento em que o país é dirigido por uma maioria de esquerda que não tem uma visão estratégica para o nosso futuro colectivo e que não tem limites á sua ânsia de poder, é determinante que PSD não fulanize o debate interno e que seja capaz de discutir as ideias e os projectos que deveremos apresentar aos portugueses”, é o apelo que o homem a quem várias distritais apelaram nos últimos dias deixa aos militantes. Montenegro vinha recebendo, nos últimos dois anos, vários incentivos e elogios de altos quadros do PSD, como Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Marques Mendes, assim como um claro apoio do ex-ministro Miguel Relvas.

O respeito que manteve do grupo parlamentar após terminar os três mandatos como seu presidente, e o facto de ter sido sucedido por um seu próximo (Hugo Soares) davam-lhe apoios de peso na Assembleia. Ter sido um rosto inquestionável do ‘passismo’ nos últimos sete anos poderia preocupar a popularidade externa, mas concedia-lhe uma legitimidade interna manifesta – o que se notou nas pressões para avançar desta semana. A corrida perde, assim, o seu primeiro eventual candidato. Rio e as legislativas de 2019 serão desafio para outrém.