SNS. Taxa de cesarianas aumentou ligeiramente em agosto

Dados do Ministério da Saúde apontam para mais 65 cesarianas em agosto do que no ano passado, mas há diferenças entre hospitais

A taxa de cesarianas no Serviço Nacional de Saúde até agosto foi de 27,7% dos partos, tendo havido uma subida muito ligeira face ao que se verificava em julho. Este verão, o movimento de enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia que tem estado em protesto por uma carreira diferenciada e aumento da remuneração alertou que a subida das cesarianas seria uma das consequências da greve de zelo às funções, chegando a estimar um aumento de 10%. Para já, os dados de agosto tornados públicos pela tutela não apontam uma diferença expressiva a nível nacional, mas há variações mais significativas em alguns hospitais.

Para já, existe até uma diminuição no número de cesarianas feitas nos hospitais do SNS até agosto. Contudo, face ao mesmo período de 2016, o número total de partos também diminuiu nos hospitais públicos, o que explica porque é que há uma subida ligeira nas taxas de cesariana.

Assim, até agosto, registaram-se nos hospitais públicos 44 605 partos, dos quais 12 360 cesarianas, o que dá uma taxa de 27,7%. No ano passado tinha havido nos primeiros oito meses do ano 45 446 partos, dos quais 12 574 cesarianas, uma taxa de 27,6%. Embora a tutela publique mensalmente totais acumulados, recuando aos ficheiros reportados em julho e descontando os novos totais é possível calcular que em agosto de 2016 tinham sido feitas 1600 cesarianas e em agosto de 2017 terão sido 1665 no balanço nacional. E esta subida ligeira que se reflete na taxa de cesarianas mesmo com a quebra de nascimentos: em julho estava nos 27,58% e subiu para 27,7%.

Comparando a situação ao nível dos hospitais com o que se passava no final de agosto do ano passado, verifica-se porém que nem todos os hospitais têm conseguido manter relativamente estáveis as taxas de cesariana, o que poderá refletir o protesto dos enfermeiros mas também outros fatores – o Ministério da Saúde tem procurado reduzir o recurso a este tipo de partos apenas às situações em que é indicado. Este ano, até agosto e comparando com o que se passava no mesmo período em 2016, as maiores subidas nas taxas de cesariana verificam-se no Hospitala Amadora Sintra, na Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano e Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga.

Por outro lado, há hospitais a recorrer menos a cesarianas do que nos primeiros oito meses de 2016. É o caso de Setúbal ou do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Quanto à quebra dos partos do SNS, uma das questões que se poderá colocar é se, perante a notícia de instabilidade nos serviços, terá havido mais mulheres a optar pelo privado. Para já, porém, os dados não destoam muito do que parece estar a ser a queda nos nascimentos no país este ano. No SNS, até agosto, houve menos 841 partos. Segundo os dados do rastreio pré-natal, conhecido como teste do pezinho, a queda de nascimentos este ano já terá sido maior. De acordo com números avançados pelo “Público”, nos primeiros oito meses do ano houve menos 1216 recém-nascidos rastreados, o que dá uma média de menos cinco bebés por dia. Foram rastreados com o teste do pezinho 56 429 recém-nascidos.

O movimento dos enfermeiros especialistas, que continua em protesto, estimou que os impactos se sentiriam também em setembro, mês marcado por uma greve de cinco dias no setor. Para já, está convocada uma nova greve por parte dos enfermeiros entre 23 e 27 de outubro, com os sindicatos a garantir que poderá prolongar-se por “tempo indeterminado”.