Low-costs. Levantar voo para o abismo

A Monarch Airlines abriu falência, depois de serem conhecidos problemas em algumas outras companhias como a Ryanair, a Alitalia ou a Air Berlin. A história mostra vários casos onde ser grande não impediu a queda.

A companhia aérea britânica Monarch Airlines foi criada em abril de 1968 e contava já com quase dois mil trabalhadores. No entanto, de um dia para o outro, a empresa viu-se forçada a anunciar a falência. De acordo com o CEO da Monarch Airlines, a queda da empresa está relacionada acima de tudo com o esmagamento de preços. 

Em entrevista ao programa Today da BBC Radio, o CEO da transportadora aérea, Andrew Swaffield, explicou que a guerra entre as transportadoras aéreas para transportar passageiros para destinos como Portugal foi um dos principais motivos da falência. Para o CEO é importante destacar que os graves problemas da empresa começaram entre 2010 e 2012, altura em que milhares de turistas começaram a fugir de destinos como Egito, Tunísia ou Turquia.

Além disso, tendo em conta a informação do site anna.aero, a concorrência em muitos dos destinos passou a ser cada mais forte. A Thomson, por exemplo, servia diretamente mais de 60 das 104 rotas da companhia aérea. 

«Os voos estavam a ser encurtados para um menor número de destinos e a redução de 25% dos preços dos bilhetes nas nossas rotas criou um desafio económico massivo na nossa rede de curta distância», justificou Andrew Swaffield.

Com muitos a reclamarem que se assiste a uma crise no setor, o regulador britânico reagiu e afastou este cenário. «A indústria tem estado muito ativa e ao longo deste ano o número de passageiros tem crescido, as companhias aéreas têm tido um desempenho muito bom e os aeroportos têm reportado números recorde de passageiros», esclareceu a CAA. 

Ainda assim, a verdade é que a situação desta companhia aérea britânica vem juntar-se a outras que viram as contas complicarem-se. Recentemente, tanto a Air Berlin como a Alitalia anunciaram igualmente que tinham entrado em insolvência. Os problemas invocados por estas transportadoras estão relacionados com as férias dos pilotos, que também têm dado que falar na Ryanair, que já cancelou voos até março do próximo ano. 

A Alitalia, por exemplo, apresentou prejuízos durante vários anos e executou diversas reestruturações. No entanto, foi incapaz de competir com as companhias aéreas low cost na Europa. Apesar da entrada da Etihad Airways (dos Emirados Árabes  Unidos), a companhia de bandeira italiana não conseguiu recuperar a saúde financeira. 

Já a Air Berlin encerrou o exercício de 2016 com prejuízos de 781,9 milhões de euros, tendo arrancado 2017 com um resultado líquido negativo de 293,3 milhões de euros. 

A verdade é que não é assim tão estranho ver uma low cost desaparecer de um dia para o outro, assim como não é invulgar começar a ver outras companhias aéreas a lutar pela sobrevivência. No setor, a história já provou que até uma grande marca pode morrer. 

A Pan American World Airways, por exemplo, chegou a ser a companhia mais famosa do mundo. Mas a realidade transformou-se e mudou o caminho que a companhia fez durante anos. Em 1991, o que parecia ser impossível, aconteceu: a companhia faliu. Na esperança de conseguir reviver o passado glorioso da transportadora, um grupo de interessados resgatou-a. A tentativa fracassou. A companhia voltou a renascer em 2015, pela terceira vez, mas para ser uma operadora de voos VIP.

Também a queda da Swissair, símbolo de orgulho nacional, foi um choque para muitos. Em outubro de 2001, aconteceu o impensável. Os aviões tiveram de ficar nas pistas, não havia dinheiro para pagar as coisas mais simples, como por exemplo as taxas aeroportuárias. A companhia viria a renascer. Em 2002, aparecia a Swiss. Mas os primeiros anos foram tão difíceis que a companhia acabaria por ser obrigada, em 2005, a integrar o grupo Lufthansa.