Opinião: Pedro Santana Lopes é candidato à liderança do PSD

Pedro Santana Lopes vai mesmo candidatar-se à liderança do PSD, contra Rui Rio. Os amigos mais próximos de Santana já sabem da boa nova e apoiam a nova incursão eleitoral do  político que entrará na história como o mais voluntarista de todos: muito provavelmente, Santana entrará já para o Guiness dos políticos com mais eleições…

Opinião de João Lemos Esteves

Se às eleições efectivamente disputadas juntarmos aquelas que Santana esteve quase para disputar, acabando, no entanto, por desistir – então não restam dúvidas: Santana é um recordista de maratonas eleitorais.

A decisão de Santana fundou-se na sua convicção de que é mais popular do que nunca na sociedade portuguesa, em virtude do seu trabalho na Santa Casa da Misericórdia. E que nunca, como presentemente, o leque de alternativas para a liderança do partido foi tão reduzido: Rui Rio não entusiasma, sendo para muitos considerado como um candidato de segunda linha, sem projecção nacional.

 E que desaparecerá tão rapidamente quanto surgiu na senda nacional – o seu trabalho na Câmara Municipal do Porto já parece uma realidade longínqua, o que aliado ao seu discurso vazio, contribuirá para o fracasso da sua candidatura (ou da sua liderança).

Por outro lado, Santana foi convencido pelos seus apoiantes mais próximos que a liderança do partido recuará uma geração, ou seja, será desempenhada por uma personalidade da geração anterior a Passos Coelho.

 Esta tese tem, aliás, algum apoio nas bases, embora estas estejam muito cépticas quanto à opção de Santana Lopes: afinal de contas, trata-se do militante que obteve o pior resultado da história do PSD em legislativas. Os últimos meses de 2004 e os primeiros de 2005 ainda estão bem presentes na memória dos sociais-democratas e dos portugueses…

E quando anunciará Santana? O anúncio (informal) será amanhã, no seu programa semanal na SIC NOTÍCIAS. Aliás, Santana esteve mesmo para confirmar a candidatura no domingo à noite – contudo, os seus mais próximos (algum membros do PSD/Lisboa, jovens que colaboram consigo na Santa Casa e alguma JSD, para além dos históricos santanistas) aconselharam o ex-Primeiro-Ministro para esperar pelo seu espaço semanal de comentário.

A projecção será maior (na sua visão), terá o incentivo de António Vitorino (sempre agradável para piscar o olho ao PS, na eventualidade de vir a ser escolhido para líder do PSD) e – muitíssimo importante – acha-se que, desta forma, ofusca Rui Rio. Porquê?

Porque Rui Rio apresenta a candidatura no dia seguinte, quarta-feira, em Aveiro (que era para ser em Coimbra, mas Rio, para castigar o autor da fuga de informação para a Antena 1, mudou para Aveiro).

Ora, a notícia da noite de terça e do dia de quarta será a candidatura de Pedro Santana Lopes, indo até dominar os jornais de quarta-feira. Assim, quando Rui Rio apresentar a sua candidatura ao final da tarde em Aveiro já perdeu o efeito surpresa, o efeito novidade, de primeira candidatura à sucessão de Pedro Passos Coelho: ficará como o segundo, como o candidato número dois, ao passo que Santana surgirá  como o candidato número um, o primeiro a ter coragem para avançar.

Portanto, amanhã, por volta das 22h30, já saberemos que o PSD terá formalmente dois candidatos à sua liderança: Pedro Santana Lopes e Rui Rio. Resta saber se aparecerá uma terceira candidatura.

E o nosso palpite é que a resposta é negativa: Miguel Pinto Luz acabará por não avançar (com muito pena nossa!).

A razão é simples: Pinto Luz perdeu o timing; deveria ter confirmado a candidatura no passado fim de semana.

Porquê? Para aparecer como o primeiro candidatura com coragem de dar a cara, sem calculismos, sem tacticismos, sem ponderações prolongadas e inúteis. Miguel Pinto Luz era o nome que poderia iniciar um movimento no PSD de todos aqueles que não se resignam ao regresso ao passado, que não se conformam com a ideia de que o PSD é um partido de centro-esquerda, de todos aqueles que já não têm paciência para a discussão estéril sobre se o nosso partido é de esquerda ou é direita.

Os portugueses estão-se a marimbar para as discussões filosóficas de Pacheco Pereira e seus quejandos  – e desprezam totalmente os rótulos que querem colar ao PSD, como a todos os partidos.

Os portugueses querem é soluções para os seus problemas, ideias para debater a organização e os fundamentos da nossa sociedade – e como preparar um presente mais risonho e um futuro mais ambicioso.

Como preparar o nosso país para os desafios futuros . Como preparar as nossas gentes para ganhar neste mundo que gira a uma velocidade estonteante, sempre composto de mudança.  

Ora, ao apresentar-se neste acto eleitoral, Miguel Pinto Luz afirmar-se-ia definitivamente como o nome do futuro do PSD, remetendo Luís Montenegro e outros para plano secundário.

E seria o sinal inequívoco de que, afinal, o PSD também tem quadros novos, tem uma nova geração que não abandona Portugal. Que não vira a cara perante desafios complicados.

Infelizmente, Miguel Pinto Luz não quis avançar no passado fim de semana: agora, ou não avança; ou, avançando, já aparecerá como o candidato que esperou por Santana Lopes e Rui Rio.

E a verdade é que Santana Lopes quer evitar a todo o custo a candidatura de Pinto Luz, estando a trabalhar informalmente para aparecer em confronto directo com Rui Rio.

Enfim, para o PSD, não deixa de ser um cenário pouco animador: muitos militantes já afirmam mesmo que a corrida será entre um “empregado de António Costa” (Santana Lopes, reconduzido por António Costa para Provedor da Santa Casa da Misericórdia) e outro que “quer ser empregado de António Costa( Rui Rio numa alusão à sua disponibilidade para ser Vice-Primeiro-Ministro de futuro Governo de António Costa, após 2019).

Uma coisa é certíssima: para muitos no PSD, a escolha será entre a abstenção, o voto nulo – ou engolir, não um sapo mas um enorme Godzilla, chamado Pedro Santana Lopes…Merecíamos mais.

joaolemosesteves@gmail.com