Portugal-Suíça. Às três tabelas também se tira bilhete para o Mundial

Portugal vai marcar presença no Campeonato do Mundo do próximo verão, na Rússia, depois de ter feito na Luz a única coisa que podia fazer: ganhar. Prenda perfeita para Fernando Santos: no dia em que festejou 63 anos, o obreiro do Euro fez mais um milagre

Está feito: Portugal está no Mundial 2018. Depois de um apuramento inteiro a correr atrás da Suíça, os papéis inverteram-se finalmente: a Seleção nacional devolveu o 2-0 com que os helvéticos a tinham brindado a 6 de setembro do ano passado, na primeira jornada desta fase de apuramento, e garantiu um lugar na grande competição internacional do próximo verão, na Rússia.

Havia um histórico negativo frente aos suíços para derrubar. Mas também havia Cristiano Ronaldo de volta ao onze e um Estádio da Luz a rebentar de crença e apoio incondicional aos homens de Fernando Santos, que continua a carregar consigo uma aura de santo milagreiro: no dia em que celebrou 63 anos, o obreiro do inédito título europeu pôs Portugal em mais uma fase final. E continua com um registo 100 por cento vitorioso em jogos oficiais disputados em casa.

O palco das festas, de resto, estava escolhido há que tempos: era na Luz que as celebrações iam ter efeito, como acontece desde 1984 – exceção feita à terrível final do Euro 2004. Mais de 60 mil almas marcaram presença na Catedral – entre os quais cinco mil suíços – e a primeira situação digna de registo aconteceu ainda na entrada das equipas para o aquecimento, com o regressado Eder a ser o segundo elemento mais ovacionado pelas bancadas, só atrás de Cristiano Ronaldo. Era o tributo merecido a um herói nacional que ontem não precisou de o ser: do Euro para cá, outros protagonistas subiram ao palco e assumiram esse papel.

Djorou ajudou a abrir o champanhe De Andorra para a Luz, Fernando Santos fez cinco alterações. Voltou Ronaldo, claro, mas também Cédric, José Fonte, William Carvalho e João Moutinho. Já depois de se ter cantado “Campeões, campeões, nós somos campeões” nas bancadas da Luz, Portugal começou a demonstrar em campo que queria resolver cedo as contas do apuramento. André Silva fez o primeiro remate do jogo, para defesa do intranquilo Sommer. Sucederam-se as tentativas mais ou menos atabalhoadas e com um Cédric particularmente em dia não – tantos foram os cruzamentos para todo o lado menos para onde interessava…

Os suíços, como Xhaka havia alertado na véspera, também não vieram só defender. O benfiquista Seferovic andou a rondar a baliza de Rui Patrício e as bolas paradas de Ricardo Rodríguez foram causando aqui e ali alguns calafrios. Era preciso, com urgência, chegar ao golo por que toda a gente ansiava. E em cima do intervalo, já depois da primeira tentativa realmente perigosa, protagonizada por Bernardo Silva, o golo chegou finalmente: começou num cruzamento carregado de intenção de Eliseu, passou por uma colisão tripartida entre Sommer, João Mário e Djourou e acabou com a bola a encaminhar-se caprichosa e lentamente para as redes da baliza suíça. Foi o central helvético o último a tocar: era a ele que tínhamos de agradecer ao intervalo – e até Madonna, a mais recente ilustre lisboeta adotada, se levantou a festejar.

Vladimir Petkovic, o destemido selecionador suíço, mexeu no descanso. Trocou o amarelado Freuler pelo irrequieto Zakaria e a Suíça melhorou. Num livre de Shaqiri, ainda assustou Patrício, mas viu tudo cair por terra quando, aos 57’ e após uma receção defeituosa, André Silva recuperou a compostura e atirou para o 2-0 da tranquilidade, num lance em que Moutinho e Bernardo merecem todos os créditos.

A partir daqui, o jogo partiu-se por completo. Mehmedi fez um bom remate às malhas laterais e saiu, dando lugar a Embolo – o homem que destroçou a defesa portuguesa na primeira volta –, e do outro lado também Eliseu fez sinal que não podia mais, permitindo a Antunes ganhar mais uma internacionalização. A Suíça voltou a cheirar o golo logo a seguir, num remate de Shaqiri desviado por Seferovic para fora, na que seria a grande ocasião do conjunto até ao fim do encontro.

Do lado português, já só se procurava uma coisa: servir Ronaldo, que tinha o objetivo de pelo menos igualar o polaco Lewandowski como melhor marcador da fase de qualificação, com 16 golos. Mas o capitão, ontem, não estava cá. Falhou nos dribles, raramente acertou a servir os colegas e na grande oportunidade de que dispôs, completamente isolado frente a Sommer após um passe de morte de João Mário, perdeu tempo e mais tempo até permitir ao guardião suíço roubar-lhe a bola. Irreconhecível. O CR7 acabou a reclamar com Bernardo Silva, que no último lance do jogo perdeu também ele uma eternidade em vez de rematar ou assistir o capitão, mas logo a seguir o último apito do árbitro soou e tudo passou: Portugal está na Rússia, na que será a décima presença em fases finais consecutivas. E o presidente Marcelo Rebelo de Sousa já pode ir festejar com os jogadores, como havia prometido após o almoço que partilhou com a equipa.

Além de Portugal, também a França garantiu o seu lugar no Mundial, ao vencer a Bielorrússia por 2-1. Em segundo do grupo A terminou a Suécia, apesar do desaire na Holanda: a Laranja tinha de ganhar por 7-0 para anular a desvantagem nos golos para com os suecos, mas ficou-se pelos 2-0 e vai ver o Mundial em casa, tal como a Bósnia, a quem de nada serviu a vitória por 2-1 na Estónia: a Grécia bateu Gibraltar (4-0) e ficou em segundo do grupo H.