Trump não certifica acordo nuclear com o Irão

O presidente norte-americano acusou Teerão de ser um “regime fanático” e o seu presidente de ter “uma força corrupta terrorista pessoal”

O presidente norte-americano, Donald Trump, caraterizou hoje o regime iraniano como "fanático" e anunciou que não irá renovar a sua assinatura no documento que certifica ao Congresso que o Irão está a cumprir o acordo nuclear. Trump deixa assim nas mãos de congressistas e senadores a decisão de continuar a respeitar ou não o documento que travou o programa nuclear de Teerão. 

Trump referiu ainda que a sua recusa em assinar não coloca em risco o acordo internacional, porque é o Congresso que decide se os EUA se mantém ou não no acordo, mas relembrou que Washington tem o direito de o fazer quando quiser. E disse que pretende contatar os aliados dos Estados Unidos e partes integrantes do acordo para o vir a alterar. 

O líder da Casa Branca acusou ainda o Irão de patrocinar o terrorismo internacional e referiu que fará todos os possíveis para negar armas nucleares ao Irão. Trump apelidou os Guardas da Revolução como uma "força corrupta de terror pessoal do líder do Irão", Hassan Rohani. Para o presidente norte-americano, Teerão está a espalhar "morte, destruição e o caos" e não respeita o "espírito do acordo", ao mesmo tempo que beneficia do alívio das sanções internacionais.

Perante isto, o chefe de Estado norte-americano reserva-se o direito de avançar com sanções unilaterais ao Irão. 

Observadores internacionais, como Yukiya Amano, chefe da Agência Internacional de Energia Atómica, afirmam que Teerão está a cumprir com os compromissos assumidos e que as exigências do acordo "estão a ser implementadas". Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia, reiterou depois do discurso de Trump, que que o acordo é "sólido" e que não houve "violações de nenhum dos compromissos do acordo".

Desde que tomou posse, Trump tem defendido a saída dos EUA do acordo com o Irão. Trump chamou-lhe inclusive "o pior acordo da História" e no seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas chamou ao Irão "Estado pária"

O presidente norte-americano deve notificar o Congresso dos EUA a cada 90 dias sobre o cumprimento do acordo pelo Irão, mas já não o fazia desde Abril. 

O acordo internacional sobre o congelamento do programa nuclear iraniano foi assinado em 2015 entre os Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido, Alemanha e o Irão.

Entre os favoritos para a atribuição do Prémio Nobel da Paz deste ano encontravam-se os negociadores do acordo internacional, considerado um dos grandes sucessos da diplomacia dos anos recentes.