Marcelo e Centeno pressionam Costa a pedir desculpa por Pedrógão

O Presidente da República e o ministro das Finanças estiveram em dissonância sobre o Orçamento do Estado, mas não contrastaram sobre Pedrógão Grande. Um e outro concordam que já passou demasiado tempo

O semanário SOL deste fim-de-semana noticiava-o e Marcelo Rebelo de Sousa confirmou-o. O Presidente da República foi a Pedrógão Grande este sábado pedir “consequências” ao governo liderado por António Costa, depois de já ter lido o relatório da comissão independente sobre os incêndios deste verão.
“Perante o anúncio feito pelo senhor primeiro-ministro relativamente a uma reflexão ponderada e exaustiva, nomeadamente, baseada no teor do relatório, Portugal aguarda, com legítima expectativa, as consequências que o Governo irá retirar de uma tragédia sem precedente na nossa história democrática”, disse o chefe de Estado português, num encontro da associação de apoio às vítimas de Pedrógão, que já estava agendado antes da publicação do referido relatório. Nádia Piazza, que presidente a associação de apoio às vítimas que recebeu Marcelo, afirmou que “falhou toda uma estrutura e resposta naquele dia e naquele pedaço de Portugal”. O relatório da comissão que analisou a tragédia não desmente Nádia, defendendo que “não foram mobilizados totalmente os meios disponíveis”. 
Na semana passada, o primeiro-ministro António Costa reuniu com os peritos da comissão, mas evitou pronunciar-se concretamente sobre o documento, na medida em que “ainda não” o lera. Costa, apesar disso, não hesitou em garantir que o governo assumirá “todas as responsabilidades políticas” necessárias. Constança Urbano de Sousa, por outro lado, foi ouvida também na semana passada no parlamento, negando a sua demissão e acusando a oposição de “irresponsabilidade” por querer questioná-la sobre um documento tão complexo quando esta ainda não tivera tempo de o analisar na sua totalidade. 

Centeno concorda com Marcelo: passou tempo demais Se, durante a semana, o ministro das Finanças e o presidente da República tiveram uma pública, ainda que indireta, troca de galhardetes, o fim-de-semana trouxe um ponto de sintonia entre ambos. Marcelo havia pedido um Orçamento do Estado “não eleitoralista” para 2018 e Centeno prontamente respondera que “este Orçamento não é um Orçamento eleitoralista” na apresentação do dito. 
Sobre Pedrogão Grande, os dois aproximaram-se. Marcelo, no encontro com a associação já mencionado, defendera que “já perdemos todos tempo demais” e Centeno, em entrevista ao “Diário de Notícias, subscreveu. “É verdade. Em matérias desta natureza e com esta sensibilidade, qualquer tempo é sempre tempo de mais”, disse o homem das Finanças portuguesas, que também não negou a necessidade de o governo pedir desculpa às vítimas do incêndio, apesar de separar essa crença do relatório da comissão independente.
“Não consigo é associar a minha resposta ao relatório em si”, terminou, na entrevista ao DN.