Marcelo Rebelo de Sousa: “Estes mais de 100 mortos não mais sairão do meu pensamento”

Marcelo Rebelo de Sousa pediu desculpa aos portugueses e apelou para que se “dê prioridade à floresta e à prevenção de incêndios”.

O Presidente da República falou, esta noite, em Oliveira do Hospital, aos portugueses, sobre os incêndios que assolaram o país, durante o fim de semana, e que provocaram a morte a 41 pessoas. 

"A melhor forma de pedir desculpa às vítimas é por um lado reconhecer que houve portugueses que não se viram protegidos pelos poderes públicos", disse Marcelo Rebelo de Sousa que defendeu também que "é tempo de reconstruir" e "iniciar um novo caminho".

"Estes mais de 100 mortos não mais me sairão do meu pensamento" afirmou o Chefe de Estado recordando os momentos dramáticos que passou durante a primeira tragédia, em junho, em Pedrógão Grande. "Estive onde estive em junho e estarei onde estarei nos próximos dias", acrescentou o Presidente.

Sobre a demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, o Chefe de Estado alertou que "abrir um novo ciclo inevitavelmente obrigará o governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo".

Marcelo "espera do governo que retire todas as consequências da tragédia de Pedrógão" e espera também que nem "as decisões não sejam esquecidas" nem as conclusões dos relatórios apresentados pela Comissão Técnica Independente. "O certo é que a fragilidade existiu e existe e atinge os poderes públicos", rematou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa relembrou que "uma nova tragédia aconteceu três dias depois" da emissão dos relatórios, ou seja "antes de serem tomadas medidas" necessárias para evitar a situação. "Se houver margem orçamental que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos incêndios", pediu Marcelo porque "esta é a última oportunidade de levar a sério a floresta".

A moção de censura do CDS ao governo também esteve presente no discurso de Marcelo. "Se na Assembleia da República há quem questione e capacidade do governo, então que nos termos da Constituição, esperemos que a mesma Assembleia clarifique se quer ou não manter em funções o governo", disse o Chefe de Estado.

Esta é uma “condição essencial para, em caso de resposta negativa, se evitar um equívoco, e, em caso de resposta positiva, se reforçar o mandato para as reformas inadiáveis”, acrescentou.

Marcelo deixou ainda um aviso ao governo: "O Presidente da República estará atento e exercerá todos os seus poderes para garantir que onde existiu e onde existe fragilidade ela terá de deixar de existir".

O Chefe de Estado afirmou ser necessário “reconhecer o que motivou a fragilidade ou desalento ou descrença dos portugueses“ e que “quem não entenda isto, humildade cívica e rutura com o que não motivou, não entendeu nada do que se passou no nosso país”.

“É a melhor, se não a única forma de verdadeiramente pedir desculpa às vítimas de junho e de outubro – e de facto é justificável que se peça desculpa”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente assegurou que “mudar de vida neste domínio é um dos testes mais decisivos” do seu mandato. “Impõem-no os milhões de portugueses, mas impõem-no, sobretudo, os 100 portugueses que tanto esperavam da vida no início do verão de 2017 e que não chegaram ao dia de hoje“, sentenciou.