Ainda não há balanços oficiais das autoridades portuguesas, mas as estimativas do sistema europeu de monitorização de incêndios florestais EFFIS apontam para algo sem precedentes na história do país. Nos fogos que deflagraram entre sábado e domingo e se prolongaram em alguns casos até segunda e terça-feira, com um rasto de 41 vítimas mortais, terão sido devastados 238 mil hectares. O mapeamento do EFFIS, a partir de satélite, mostra a localização da tragédia, do Pinhal de Leiria à Serra da Estrela.
Até 30 de setembro, os dados divulgados pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas apontavam para 215 mil hectares consumidos, pelo que a área poderá ter assim duplicado no espaço de poucos dias, sendo que falta contabilizar nas estatísticas nacionais todos os dados de outubro.
Os dados do EFFIS costumam apontar para previsões acima do que é apurado de facto pela GNR e ICNF. Na tragédia de junho, as estimativas do EFFIS atualizadas pela última vez a 23 de junho apontavam para 29818 hectares ardidos no fogo de Pedrógão e 16950 no Fogo de Góis. O relatório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas determinou que arderam 27.364 hectares no incêndio de Pedrógão e 17.521 no de Góis.
O Laboratório de Fogos Florestais da UTAD deu notas das projeções durante da madrugada nas redes sociais. Ontem ao final do dia, um dos registos no site do EFFIS relativamente à área ardida numa zona do Pinhal Interior Norte apresentava um indicação na data que não permitia saber se eram projeções do último dia ou de todo o ano, daí o i ter optado na edição de hoje por não noticiar o valor total. Esta manhã os valores encontravam-se corrigidos no site do EFFIS, apontando até uma área ardida superior à que estava apurada ontem.
O EFFIS baseia-se nas imagens adquiridas pelo sensor MODIS a bordo dos satélites TERRA e AQUA. As imagens são registadas diariamente com uma resolução espacial de 250 metros e permitem estimar perímetros afetados por fogos que tenham uma dimensão superior a 30 hectares.
