China. A “nova era” já começou

Na abertura do 19º Congresso do Partido Comunista, Xi Jinping prometeu colocar a China no “palco principal do mundo” e torná-la numa verdadeira superpotência à escala global

China. A “nova era”  já começou

No Grande Salão do Povo de Pequim sentaram-se esta quarta-feira mais de 200 membros do Comité Central e outros 2300 delegados do Partido Comunista Chinês (PCC) para ouvir Xi Jinping. A poucos dias de completar os cinco anos do seu primeiro mandato presidencial e a poucas horas de ver confirmados mais cinco anos à frente dos destinos do país mais populoso do globo, o presidente da China apresentou metas ambiciosas para o gigante asiático, num discurso que teve uma duração superior a três horas.

Xi anunciou que a China entrou numa “nova era”, que a levará ao “palco principal do mundo” e contribuirá para se assumir, num futuro próximo como uma “potência global”, capaz de ombrear com toda e qualquer nação – leia-se, os Estados Unidos. “É necessário que continuemos a esforçar-nos, durante os próximos 30 anos, para alcançarmos a completa modernização. Nessa altura, estaremos orgulhosamente colocados entre as grandes nações e seremos uma potência global”, prometeu.

Na cerimónia de abertura do 19º Congresso do partido único chinês – um evento que acontece a cada cinco anos e que, para além de servir para o Comité Central escolher o secretário-geral do PCC, também é o palco para a divulgação dos novos membros do poderoso Comité Permanente do Politburo – Xi garantiu ainda que o processo de modernização da China incluirá reformas no campo económico e ambiental, e destacou  a capacidade de “florescimento” do “socialismo com características chinesas” que, acredita, pode ser eficientemente replicado noutros países em desenvolvimento. “Queremos desempenhar um papel importante na História da Humanidade”, assegurou o líder chinês.

Os sucessos da China em matéria económica – são responsáveis por 30% do PIB mundial, apresentam um crescimento anual de 7% e nos últimos anos conseguiram retirar mais de 60 milhões de pessoas da pobreza – têm permitido a Xi investir e inovar fortemente nos mais variados setores – como o comercial, o militar, o espacial ou o diplomático –, mas o endurecimento da postura autoritária e iliberal do governo chinês continua a asfixiar a sociedade civil  e a oposição, e a gerar críticas junto das organizações de direitos humanos, ativistas e opositores políticos. Xi não parece, no entanto, muito preocupado com esta realidade, e no seu discurso houve também espaço para reforçar a sua total irredutibilidade para alimentar movimentos separatistas ou autonómicos, como os de Taiwan, Hong Kong ou Xinjiang.

Abertura, garantiu Xi Jinping, só mesmo aos investidores e empresas estrangeiras fixadas na China, que ainda se mostram descontentes com o protecionismo excessivo e a desigualdade de tratamento oriunda de Pequim.

O Congresso deverá prolongar-se até à próxima terça-feira e dele também se espera a inclusão do pensamento político de Xi na Constituição chinesa, um gesto que, esperará certamente o próprio, o colocará no mesmo patamar dos históricos Mao Tsé Tung e Deng Xiaoping.