Polémica dos tempos de espera. Ordem dos Médicos pede auditoria urgente ao SNS

Tribunal de Contas suspeita de manipulação de dados e recomendou verificação externa da informação publicitada pelo ministério da Saúde. Ordem dos Médicos faz a mesma exigência

A Ordem dos Médicos anunciou hoje que vai pedir uma auditoria independente ao Serviço Nacional de Saúde. Em comunicado, a ordem indica que o pedido será dirigido à tutela.

Recorde-se que ontem foi conhecida uma auditoria do Tribunal de Contas que arrasa a gestão dos tempos de espera para consulta hospitalar e cirurgia no SNS. Os auditores consideram que a Administração Central do Sistema de Saúde tem eliminado pedidos de consulta mais antigos do sistema, falseando assim os indicadores reportados. A ACSS já repudiou essa acusação, tendo indicado ao tribunal, em sede de contraditório, que se tratava de erros administrativos. O Tribunal de Contas recomendou ao governo que passe a haver uma verificação independente dos dados, exigência que agora é reforçada pela Ordem.

Além desta questão, o relatório do TdC diz que entre 2014 e 2016, o triénio analisado, houve uma degradação do acesso ao SNS, com mais doentes a esperar por consultas e cirurgias para lá dos tempos previstos a lei. 

Esta manhã, a Ordem dos Médicos do Centro já tinha considerado "chocante" a adutleração das listas de espera para consulta. “Em nome dos 2600 que morreram antes de serem operados, em nome dos mais de 27 mil doentes que ficaram em lista de espera por uma cirurgia nestes últimos três anos, e em nome da verdade, da transparência e da seriedade, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos exige ao Ministério da Saúde a divulgação da correta lista de espera para consultas e cirurgias na região Centro, sem recurso irregular de limpeza de ficheiros e manobras administrativas”, defendeu este braço regional da Ordem dos Médicos.

Agora, o bastonário Miguel Guimarães  diz que os dados tornados públicos confirmam o "desinvestimento no SNS".

Sobre a denúncia de limpeza administrativa das listas de espera, Miguel Guimarães pede transparência total. “É inadmissível que isto aconteça. O Ministério da Saúde tem de garantir a transparência total e independência dos dados fornecidos ao país e que fazem o retrato do estado real do SNS”, diz o bastonário da OM, citado pela nota da Ordem.

Miguel Guimarães pretende assim que a auditoria independente ao nosso SNS, que considera "urgente", inclua uma análise rigorosa a todos os procedimentos informáticos em vigor no Ministério da Saúde.

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O Bloco de Esquerda já pediu a audição da presidente da Administração Central do Sistema de Saúde, Marta Temido. “Não podemos aceitar a degradação do acesso à prestação pública de cuidados de saúde, muito menos podemos aceitar que se tente escamotear esses indicadores. Para o Bloco de Esquerda é preciso esclarecer toda esta situação. É inadmissível que haja procedimento que falseiam indicadores, que maquilham listas de espera e que escondem o verdadeiro desempenho do SNS”, afirma Moisés Ferreira. O mesmo foi feito pelo PCP. Já o PSD vai chamar o ministro da Saúde ao parlamento.