Descida do IRS vai sair cara ao país

Há uns tempos, seguramente antes das autárquicas, em amena discussão com um amigo socialista, eu confessava que me fazia imensa confusão como 18,44% lideravam quase 82% – por via da ascendência esquerdista sobre o PS, refém de uma coligação que lhe garante a governação.

Este meu amigo bem se esforçava por me convencer da sublime liderança de Costa no Governo, enquanto eu lhe retorquia que esta viragem esquerdista só fazia sentido se Costa amasse tanto o poder quanto, no seu passado, foi ele também um comunista convicto.

Lembrei-me desta conversa a seguir às autárquicas. Já aqui escrevi que tanto o PCP (Jerónimo de Sousa) como o Bloco iriam fazer prova de vida no Orçamento de 2018, até para ‘apagar’ a enorme derrota a nível nacional que ambos tiveram nestas eleições.

Se bem o pensei, melhor o constatei! Um IRS para 2018 a ser moldado à realidade das exigências desta esquerda de vistas curtas, com isenções adicionais a custarem uns 400 milhões a todos nós, incluindo a possibilidade de estrangeiros residentes serem tributados a taxas menos bonificadas (regime que vigorava desde 2009, em vias de terminar).

Assim, rapidamente se constata que as taxas mais altas no IRS podem atingir os 56%, sem esquecer que cerca de 5% são responsáveis por metade da receita tributada.

Como é possível? Simples! Quase metade da população – no fundo, os que garantem maiorias parlamentares – nada pagará deste imposto. Se acham isto justo, eu confesso que não. Todos deveriam pagar, nem que fosse de forma simbólica, até porque todos usufruem de benefícios sociais, como o SNS (sem falar na educação altamente subsidiada). Mas uma minoria de votantes impõe estas regras absurdas e bem mais violentas do que em outros países como a Alemanha.

Sobre os residentes estrangeiros, esta redução da liberalidade, que garantiu enormes receitas a Portugal – como o IMT na compra de habitação ou o IVA na reabilitação de edifícios – vai certamente provocar uma debandada para outros países do sul da Europa. Talvez se verifique uma descida no preço dos imóveis (que atingem atualmente, de facto, valores absurdos) mas em termos nacionais todos ficaremos a perder.

Entretanto, lemos que o investimento público vai ser inferior a 2015 (!), ficando em cerca de 1,9% do PIB, depois de um 2016 com reduções de 900 milhões face ao valor previsto. Pois é… Não dá para tudo. E se gastamos em despesa corrente – como aumentos de salários, descongelamento de carreiras, pensões ou ainda admissões –, a manta fica curta! Hipotecar o futuro é a consequência óbvia destas políticas imediatistas. Mas ‘enquanto o pau vai e vem, folgam as costas’.

 

P.S. 1 – Uma palavra para cumprimentar o médico do Sporting, Dr. Miguel Costa, pela assistência prestada no Pavilhão João Rocha a um atleta do Benfica, Ary Neto. Assim nos entendemos. É nestes valores do desporto que nos revemos – nunca nas bestialidades de dirigentes e comentadores, que inquinam o ambiente desportivo.

 

P.S. 2 – Quero ‘agradecer’ a PS, PCP e Bloco por tornar possível esta nova Lei de Estrangeiros. Passo a citar um título do DN: Nova lei de estrangeiros legaliza cadastrados violentos! Tudo explicado, ou devo incluir neste pacote a saída da responsável do SEF?