O governo acordou

António Costa esteve bem ao admitir que com este assunto não vai existir meta do défice

Finalmente, o governo está a começar a fazer o que devia ser feito. Demorou tempo demais e a justificação de que o «o tempo das instituições», como disse António Costa, obriga a penar desta maneira não é suficiente.

Havia muito que poderia ter sido decidido logo a seguir aos incêndios de Pedrógão, a começar pelas indemnizações das vítimas. O governo demorou tempo demais a enfrentar a realidade. Agora, há que dizer que as medidas saídas do Conselho de Ministros deste sábado são importantíssimas – a começar na pré-nacionalização do SIRESP, a responsabilização do Ministério da Agricultura nos incêndios rurais, a um novo pacto de respojsabilização com as forças armadas e a GNR.

Os 400 milhões disponíveis para atuar no apoio a reconstrução são um passo essencial, mas o facto da unidade de missão responsável pela mudança ficar na dependência direta do primeiro-ministro dá a dimensão de que o Governo decidiu mesmo, depois de um longo torpor, que agora é mesmo o momento de ação.

António Costa esteve bem ao admitir que com este assunto não vai existir meta do défice. «O que é urgente ser feito vai ser feito», disse o primeiro-ministro comprometendo-se em gastar o dinheiro que for preciso na segurança das populações, independentemente da decisão de Bruxelas que, de resto, é suposto ser positiva. Na comunicação do Presidente da República, que foi essencial para este acordar do governo, Marcelo tinha feito depender de um «se houver margem orçamental» o investimento no combate aos incêndios, a frase mais infeliz de um discurso brilhante. António Costa retirou este «se». Há agora o compromisso do primeiro-ministro para furar a margem orçamental para assegurar a vida das pessoas. É um passo importantíssimo.

O país estava à espera que o Governo regressasse as suas funções, depois de dias de desnorte. Hoje, Costa regressou ao comando. E bem.