Rússia vetou o prolongar das investigaçãos aos ataques químicos na Síria

A resolução condenava explicitamente o regime sírio de Bashar Al-Assad pelos ataques com armas químicas

A Rússia vetou no Conselho de Segurança das Nações Unidas uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, França e Reino Unido, que condenava o regime sírio de Bashar Al-Assad por ter usado armas químicas em ataques contra civis. A mesma resolução prolongava as investigações da Organização para a Proibição das Armas Químicas das Nações Unidas para se apurar os responsáveis pelos inúmeros ataques com armas químicas ao longo da guerra civil síria. 

A resolução estipulava que o regime sírio deveria auxiliar as investigações com planos de voos, nomes dos comandantes dos esquadrões de helicópteros e permitir o acesso às bases áereas donde os investigadores suspeitam terem sido lançados os ataques. Também definia que o secretário-geral António Guterres deveria informar todos os meses o Conselho de Segurança sobre o nível de cooperação do regime sírio nas investigações. 

"Expressa a sua indignação por indivíduos continuarem a ser mortos e feridos por armas químicas na República Árabe da Síria e expressa a sua determinação de que os responsáveis devem ser responsabilizados", pode-se ler na proposta de resolução. 

O país liderado por Vladimir Putin opôs-se a renovar o mandato da Organização para a Proibição das Armas Químicas das Nações Unidas antes desta tornar público o relatório sobre o ataque com gás sarin na vila de Khan Sheikhun. Espera-se que o relatório seja divulgado amanhã.

"A Rússia demonstrou mais uma vez que fará o que for necessário para garantir que o regime bárbaro de Assad nunca enfrentará as consequências pelo uso continuado de químicos como armas", afirmou em comunicado Nikki Haley, embaixadora dos Estados Unidos no Conselho de Segurança. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Vassily Nebenzia, acusou os Estados Unidos e seus aliados de procurarem um voto sobre uma resolução com o único objetivo de "desonrar a Rússia". "O que está a acontecer hoje não é muito agradável. Cheira mal, de fato. Estamos a assistir a um muito bem ensaiado espetáculo onde o único intuito é aparecer para embaraçar um país", explicou. 

A China e o Cazaquistão abstiveram-se na votação, enquanto a Bolívia se juntou à Rússia no voto contra. Os restantes Estados-membros do Conselho votaram a favor da resolução. 

A Rússia usou do seu poder de veto por nove vezes no Conselho de Segurança para proteger o seu aliado sírio, que nega a responsabilidade pelos ataques e afirma nunca ter usado armas químicas no conflito, responsabilizando os jihadistas e as forças militares apoiadas pelos Estados Unidos e aliados. 

De acordo com a Carta das Nações Unidas, para que uma resolução seja aprovada no Conselho de Segurança necessita de cinco votos favoráveis, sendo que os membros permanentes – China, Rússia, França, Reino Unido e Estados Unidos – poderão bloquear a resolução com o seu veto, um simples voto contra.