Lisboa. Medina irritado com PCP por travar geringonça

Presidente da autarquia afirma que PCP desiludiu “muitos dos seus eleitores”. PS negoceia com o Bloco

A geringonça não vai existir em Lisboa. O PCP rejeitou um acordo com Fernando Medina e o entendimento, a existir, será, ao contrário do que existe a nível nacional, apenas com o Bloco de Esquerda.

Fernando Medina admitiu, no final da tomada de posse, que esse era o desejo do PS, mas, “infelizmente, o PCP não se mostrou disponível para um acordo permanente de governação da cidade” e nem sequer “houve negociação”. Podia ter ficado por aqui, mas não ficou e lançou duras críticas aos comunistas. “Creio que terá desiludido muitos dos eleitores que votaram no Partido Comunista, porque muitos ouviram da candidatura uma disponibilidade para o compromisso. Creio que há eleitores que se podem sentir desiludidos com esta posição.”

A posição do Bloco de Esquerda foi diferente desde o início. Os bloquistas têm tido várias reuniões com Fernando Medina para tentar chegar a um acordo. Ao PS basta o vereador do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, para atingir a maioria que perdeu nas eleições do dia 1 de outubro. Medina explicou que “o Bloco de Esquerda mostrou disponibilidade para conversar e discutir, e é isso que estamos a fazer”.

O objetivo é construir, à esquerda, “uma plataforma mais permanente de entendimento e de diálogo”. Medina não afastou também o cenário de esse acordo falhar e, nesse caso, o PS procuraria “essas convergências à medida que as matérias vão surgindo”.

Os dois partidos, como o i noticiou durante esta semana, estão a negociar há três semanas e existem ainda divergências em relação às políticas de habitação e transportes.

Os anúncios de medina

No discurso que fez na Praça do Município, Fernando Medina anunciou que vai avançar com “uma medida emblemática” para criar “mais e melhor transporte público”. No primeiro trimestre do próximo ano vai lançar “o concurso para a aquisição de 30 novos elétricos, tendo em vista a extensão do 15 a Santa Apolónia, a recuperação do 24 entre o Cais do Sodré e Campolide e o início de uma nova fase de expansão da rede na cidade”.

Na mesma altura, a Câmara de Lisboa vai lançar “o concurso para a construção dos primeiros seis centros de saúde de nova geração. Serão centros modernos, com meios de diagnóstico e terapia, capazes de assegurar qualidade a todos”.

Fernando Medina garantiu ainda que, no início do próximo ano, tenciona aprovar “a unidade de projeto para a rápida ampliação das zonas de escritórios, bem como as principais zonas de desenvolvimento”.

O autarca socialista reafirmou ainda a promessa feita na campanha eleitoral de que dará prioridade à habitação para a classe média. “Será uma das principais prioridades do mandato”, garantiu o presidente da Câmara de Lisboa, que quer colocar no mercado, nos próximos quatro anos, seis mil casas com rendas entre os 200 e os 400 euros.

“Prestaremos particular atenção ao combate às exclusões e desigualdades, quer às presentes e extremas, quer às que emergem do tempo em que vivemos. Falo, de forma direta, do direito à habitação na cidade, que está hoje em risco para importantes segmentos das classes médias”, afirmou.