Alemanha. Líder do AfD diz que Thatcher é o seu modelo

O AfD raramente aborda as suas propostas para a economia

O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) tem marcado as manchetes dos jornais alemães e internacionais com o seu discurso racista, xenófobo e anti-refugiados, não se lhe reconhecendo muitas posições sobre política económica. 

Alice Weidel, líder da AfD, afirmou que Margaret Thatcher, primeira-ministra britância entre entre 1979 e 1990 e uma das figuras chave da ideologia neoliberal, é o seu modelo político e que a líder britânica conseguiu recuperar a economia do Reino Unido. 

"Margaret Thatcher é o meu modelo político", disse ao jornal alemão "Bild am Sonntag". "Thatcher recuperou o Reino Unido quando o país estava numa situação economicamente difícil e reconstruiu-o novamente", explicou.

Durante a campanha eleitoral para as últimas eleições legislativas alemãs o AfD raramente abordou as suas propostas económicas para o país. "Se olhar para o programa do AfD verá que eles querem um aprofundamento das privatizações das pensões, querem austeridade e nenhum investimento público", disse em entrevista ao SOL Fabio De Massi, deputado no parlamento alemão pelo Die Linke. "O AfD direciona a agenda mediática e política noutra direção, fazendo com que não haja questões relativamente ao seu programa económico", explicou o porquê de se saber pouco sobre as propostas económicas do partido. 

O AfD nasceu em 2013 como um partido de oposição ao euro e em defesa da saída da Alemanha da moeda única, mas nos últimos anos tem concentrado o seu discurso e propostas políticas na oposição ao Islão, imigrantes e refugiados. 

Em 2015, o primeiro líder do AfD, Bernd Lucke, abandonou o partido por considerar que este se estava a transformar numa organização xenófoba. Na noite das últimas eleições legislativas alemãs, Frauke Petry, uma das principais líderes do partido, decidiu comunicar a sua saída por considerar que o partido estava a caminhar para posições cada vez mais extremistas. 

Nas legislativas de 24 de setembro o AfD entrou pela primeira vez no parlamento alemão, conquistando 94 assentos parlamentares e tornando-se a terceira principal força política no país. O seu resultado eleitoral abalou o cenário político alemão, que não assistia à ascensão de um partido de extrema-direita desde a II Guerra Mundial.