Campeonato. Fortes rajadas de vento norte!

Às vitórias de Benfica e Sporting na sexta-feira respondeu o FC Porto com categoria na deslocação ao Bessa (3-0)

De forma categórica, o FC Porto de Sérgio Conceição continua a dominar o principal campeonato do futebol português. Às vitórias meio tem-te-não-caias de Benfica e Sporting, na sexta-feira, responderam os dragões com um inequívoco triunfo no vizinho Estádio do Bessa: 3-0.

Podem levantar-se dúvidas quanto à verdadeira capacidade competitiva deste dragão, podem sim senhor, sobretudo quando nos fixamos somente nos resultados europeus. Aliás, esta quarta-feira, na receção ao Red Bull Leipzig, podem os portistas dar uma resposta cabal àqueles que desconfiam da sua solidez nos momentos de maior exigência como são, de facto, os jogos a contar para a Liga dos Campeões. Mas das fronteiras para dentro, a sua fiabilidade não merece críticas. Dez jornadas refletem um comando autoritário que se cifra em nove vitórias e apenas um empate, e este em Alvalade, num duelo que basicamente entornou bem mais a favor dos azuis-e-brancos.

A vitória no Bessa foi indubitável. Principalmente por via de um resultado perfeitamente esclarecedor. Pode ter Miguel Simão diminuído o três-a-zero afirmando que não espelhava, de forma alguma, aquilo que se passou sobre o relvado. Está no seu direito, defende os seus jogadores e a sua posição. Mas, ora batatas! Nestas coisas, a lógica pode não ser um completo tubérculo, mas não se devem ignorar os seus efeitos.

 

O orgulho da formiga

or seu lado, Sporting e Benfica, que se instalaram no terceiro e quarto lugares da tabela classificativa, viveram umas horas aflitivas na passada sexta-feira. Exibições muito pouco condizentes com a categoria dos seus conjuntos, equívocos evidentes e preocupantes, sofrendo longos momentos de superioridade adversa, e arrancando vitórias meio pírricas graças ao talento para o golo das suas principais figuras atacantes, Jonas e Bas Dost.

Convenhamos: Jorge Jesus tem feito um pouco como a formiga da fábula que aproveitava a ventania provocada pelo elefante que corria a seu lado para perguntar, orgulhosa: “Já viste a poeira que estamos a levantar?”

Não basta dizer aos quatro ventos que FC Porto e Sporting jogam o melhor futebol do campeonato. A forma como os portistas têm resolvido os seus problemas fora das Antas é bem mais autoritária do que aquilo que os leões fazem fora de Alvalade, como se viu ainda agora. Na verdade, poderia dizer-se que o Sporting joga o melhor futebol do campeonato a seguir ao FC Porto. Assim estaria correto. A diferença é visível e entra pelos olhos dentro como a luz de uma manhã radiosa de sol.

Costumam ter condicionantes estes jogos que precedem jornadas europeias. Tal e qual como aqueles que lhes sucedem. Mas têm os três grandes de Portugal – e muito, muito menos grandes no resto do continente – tarefas exigentes já amanhã e depois.

Exigência maior para o Benfica, que se desloca a Old Trafford, já condenado nas suas aspirações de atingir os oitavos-de–final por via das três derrotas que somou até agora no seu grupo. Não deve haver muita gente por esse país fora que não anteveja uma noite de pesadelo para esta Dona Águia tão alquebrada. Sobreviver a ela de forma a conseguir chegar o menos abatido possível a Guimarães, eis a tarefa de um Rui Vitória que parece navegar num alteroso mar de dúvidas como nunca até aqui na sua carreira. Pode dizer–se que chegou a sua hora: a hora de tomar o leme de uma nau demasiado à deriva para ainda alimentar sonhos de penta. Tudo depende da firmeza das suas mãos e da segurança das suas opções.

Em Vila do Conde, o Sporting salvou- -se por pouco, muito pouco, de um empate que teria servido ao FC Porto para alargar a passada da sua cavalgada impressionante deste primeiro terço de prova. Amanhã recebe a Velha Senhora Juventus. Noite agradável para o público, que poderá ver ao vivo uma das mais bem construídas equipas da Europa – e aqui o termo “construído” é absolutamente preciso –, mas com escolhos enormes para um conjunto que tanto exibe uma saudável atração ofensiva como cai em momentos tristonhos, entregue à disposição do adversário. Não sobrarão dúvidas de que Jesus irá montar um sistema que permita adiar o mais possível o golo italiano, de forma a abrir-se a oportunidade de um golpe surpreendente. Foi isso que fez contra o Barcelona e, depois, em Turim. Ao contrário do que acontece com o seu vizinho da Segunda Circular, este Sporting não se expõe. Talvez por isso tenha saído desses dois tormentos com resultados tão simpáticos.