Ações. CTT continuam a afundar e renovam mínimos históricos

A empresa prolongou ontem o tombo que registou na passada quarta-feira e que fez com que as ações desvalorizassem 21,68%.

Os CTT continuam sob pressão, principalmente depois de as ações terem afundado 21,7% por causa da divulgação de resultados. Com muito menos lucros, a administração rapidamente admitiu considerar a hipótese de cortar dividendos aos acionistas no próximo ano. O mercado reagiu e penalizou muito os títulos da instituição liderada por Francisco de Lacerda, que só na quarta-feira perderam um quinto do valor. O dia de ontem também não foi fácil e as ações do CTT chegaram a transacionar nos 3,771 euros, o que representou um novo mínimo histórico. Aliás, mesmo quando estiveram a negociar a 3,88 euros estavam já no valor mais baixo desde que empresa entrou na bolsa, em 2013. As ações fecharam a perder 4,49%. Ou seja, em apenas dois dias, a capitalização bolsista perdeu 192 milhões de euros.

De acordo com os resultados apresentados pela empresa, o resultado registado nos primeiros nove meses do ano, com um lucro de 19,5 milhões de euros, representa uma perda de 57,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Numa videoconferência com analistas, a administração dos CTT admitiu que o plano de reestruturação pode incluir passar a gestão de estações de correios para as mãos de terceiros. Esta possibilidade consta de uma nota do Haitong, mas a verdade é que a instituição garante ainda não ter uma decisão final sobre o tema.

A administração aproveitou ainda para explicar aos analistas que os valores associados à reestruturação deverão ser conhecidos ainda antes do final do ano. Para já, já se sabe que um dos objetivos maiores é “ajustar a escala de operações às atuais necessidades”. 

A verdade é que o Haitong decidiu deixar como estava a perspetiva sobre os CTT e atribui uma recomendação neutral aos títulos da instituição. A expetativa recai agora sobre a divulgação do impacto do plano de reestruturação. 

BPI aconselha vender ações O possível corte nos dividendos aos acionistas e a queda acentuada nos lucros da empresa levaram os especialistas do BPI  a traçar uma análise muito pouco otimista e a cortar a recomendação das ações dos CTT: a recomendação passou para underperform. Até porque para muitos a maior atratividade destas ações são exatamente os dividendos anuais que são dados aos investidores. Claro que a redução do valor (de 48 para 37 cêntimos) não podia ter sido bem recebida. 

Além da queda nos lucros, os especialistas do BPI destacam ainda o facto de ter havido um aumento dos custos operacionais da empresa – aumentaram 8% no terceiro trimestre. “As tendências seculares no negócio principal não estão a ser correspondidas com um ajustamento da estrutura de custos da rede dos CTT”, pode ler-se nota do BPI difundida ontem. 

Também os analistas do CaixaBi admitem que, tendo em conta os resultados apresentados na passada terça-feira, o CTT tiveram um “trimestre muito fraco”. Ainda assim, o CaixaBI decidiu manter a recomendação para comprar.