Desporto. Históricos fogem do corte

Itália é uma das seleções com maior palmarés no futebol, mas viu-se obrigada a disputar o sempre incómodo play-off  de apuramento para o Mundial. E há mais ‘gigantes’ aflitos.

Desporto. Históricos fogem do corte

Chegámos àquela fase pré-grandes competições que nenhuma seleção quer jogar. Portugal, de resto, escapou de boa, com a vitória no último suspiro sobre a Suíça, na Luz (2-0), depois de uma qualificação inteira a correr atrás – embora a Seleção nacional até tenha várias boas memórias de participações nesta fase, que é uma espécie de purgatório internacional.

Outras seleções historicamente gigantes no futebol não tiveram a mesma sorte, procurando ainda um lugar na Rússia, onde já estão 23 países (ver infografia no fim do texto). Com a Itália à cabeça. A squadra azzurra, uma das mais bem sucedidas de sempre da modalidade – quatro Mundiais (1934, 1938, 1982 e 2006) e um Europeu (1968) constam do seu palmarés -, foi possivelmente a mais azarada aquando do sorteio da fase de apuramento, ficando no mesmo grupo de Espanha. Sem grande surpresa, terminou em segundo e viu-se obrigada a disputar esta autêntica fase final antes da fase final propriamente dita – é a única campeã do mundo a jogar neste play-off.

Em sorte – não muita, na verdade – saiu-lhe a Suécia. É certo que o conjunto nórdico está longe da sua fase áurea, e mais ainda desde que Zlatan Ibrahimovic anunciou a retirada da seleção, mas não deixa de ter um historial de respeito, especialmente em Mundiais: vice-campeã em 1958, terceira classificada em 1950 e 1994 e quarta em 1938. Itália só falhou dois Mundiais até agora: 1930 e 1958; a Suécia não vai lá desde 2006. Um grande duelo em perspetiva.

Todos os quatro duelos da fase europeia são bastante apelativos, na verdade. Como o que opõe a Croácia à Grécia. Desde que se separou da Jugoslávia e voltou a ser um país independente, a seleção croata só falhou o Mundial 2010, tendo mesmo sido a sensação em 1998, na sua primeira participação (terceiro lugar). Tem, além disso, um grupo de grande valia, com craques da estirpe de Modric, Rakitic, Perisic ou Mandzukic, entre muitos outros, além de outro ponto a seu favor: já conseguiram quatro qualificações desta forma. Os gregos, todavia, também não são flor que se cheire – e Portugal sabe bem disso. Têm pouca história em Mundiais – a melhor participação foi no último, em 2014, onde sob o comando de Fernando Santos chegaram aos oitavos-de-final -, mas os dois últimos apuramentos também surgiram através dos play-off.

O historial da Dinamarca em Mundiais é relativamente recente (participou pela primeira vez em 1986) e teve o seu pico em 1998, com a presença nos quartos-de-final. Os vikings não têm os nomes sonantes de outrora – já lá vai a era de Schmeichel, de Elkjaer Larsen ou dos irmãos Laudrup -, mas Eriksen e o sempre imprevisível Bendtner têm larga experiência neste tipo de competições. Já a Irlanda nunca é uma seleção propriamente temível – participou três vezes, sendo a primeira presença a melhor (quartos-de-final em 1990) -, mas detém um registo curioso: é a seleção com mais presenças em play-off (oito). Apurou-se em três deles.

Sobra o embate entre a Irlanda do Norte e a Suíça. Os suíços fizeram uma fase de apuramento quase imaculada, deixando bem patente o seu valor: em dez jogos, conseguiram nove vitórias e apenas uma derrota, precisamente na última ronda frente a Portugal. Somam nove presenças em Mundiais, tendo chegado duas vezes aos quartos-de-final (1934 e 1954). A Irlanda do Norte, por seu lado, será a seleção menos cotada das oito aqui presentes: soma apenas três participações, a última das quais em 1986. É, no entanto, uma equipa muito aguerrida, que disfarça as insuficiências e a falta de vedetas com um querer férreo e um apoio incondicional de adeptos fervorosos.