O que não dizem na Web Summit

A Web Summit é sem dúvida um dos maiores eventos a nível mundial no que diz respeito às tecnologias da internet e uma das poucas conferências capaz de juntar delegados da Fortune 500 e start-ups num só lugar.  Durante três dias Lisboa torna-se o foco de todas as atenções e o centro de projeção de…

A Web Summit é sem dúvida um dos maiores eventos a nível mundial no que diz respeito às tecnologias da internet e uma das poucas conferências capaz de juntar delegados da Fortune 500 e start-ups num só lugar. 

Durante três dias Lisboa torna-se o foco de todas as atenções e o centro de projeção de Portugal como destino amigo do investimento estrangeiro e da inovação. Porém, influenciadores e influenciados acabam por levar consigo uma visão muito curta quanto aos melhores lugares para investir, e que perdura desde o tempo de Eça de Queiroz: «O país está todo entre a Arcada e S. Bento!».

Ainda que Lisboa e Porto beneficiem das denominadas economias de escala no que diz respeito à captação de investimento estrangeiro, o Governo da República, em conjunto com os Governos Regionais da Madeira e dos Açores, não pode demitir-se da promoção da descentralização da inovação e do investimento empresarial, qualquer que seja a sua forma.

Portugal não pode ser vendido nos corredores da Web Summit, local onde efetivamente se faz o verdadeiro networking e promoção daquilo que de melhor temos, como sendo apenas Lisboa. Mais e melhor tem ser dado a conhecer aos inovadores e empreendedores das tecnológicas que querem fixar-se ou iniciar a sua atividade em Portugal.

Embora no papel a Estratégia Nacional para o Empreendedorismo preveja uma rede nacional integrada de apoios às start-ups, que por natureza têm uma forte vocação internacional, não se compreende como é que em 15 medidas de apoio nenhuma contemple, diretamente, a vertente fiscal. 

Se é certo que todas as empresas portuguesas, incluindo as start-ups, se vêm confrontadas com a enorme carga fiscal que existe em Portugal, porque razão o Governo da República não divulga os benefícios fiscais do Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM), de entre os quais se destaca o IRC de 5% sobre todas operações envolvendo entidades estrangeiras na Web Summit?

Por outro lado, será que a Associação Nacional de Jovens Empresários, a Start-Up Portugal e outros stakeholders envolvidos foram alguma vez contactados pela Sociedade de Desenvolvimento da Madeira (SDM), a concessionária do CINM, sobre a possibilidade da estruturação de operações das start-ups na Madeira?

A SDM e o Governo Regional da Madeira alguma vez pensaram em reduzir as taxas de licenciamento no CINM para as start-ups fixarem as suas operações internacionais na Madeira?

Muito fica por dizer na Web Summit, mas o essencial, uma ferramenta efetiva de apoio à internacionalização de empresas com grande potencial, como o CINM, não pode ser esquecido por nenhum dos intervenientes do setor público regional e nacional. Esta divulgação reveste um caráter de urgência se tivermos em especial atenção a mais recente comunicação da Comissão Europeia, a qual delineia na sua estratégia para o desenvolvimento socioeconómico das regiões ultraperiféricas uma maior promoção e apoio à inovação.