EUA. Departamento de Justiça pode avançar para investigação a Clinton

Jeff Sessions diz que está a analisar o caso da venda de uma empresa de urânio nos tempos de Clinton no governo. A teoria é duvidosa, mas pode ajudá-lo a melhorar a reputação e desviar as atenções da investigação russa. 

O secretário da Justiça norte-americano anunciou que está a contemplar uma investigação especial aos laços entre a Fundação Clinton e a compra da empresa canadiana Uranium One pela altura em que Hillary Clinton era secretária de Estado de Barack Obama.

A teoria, célebre nos meios conservadores mas desacreditada em todos os outros, sugere que a antiga candidata à presidência autorizou a venda da empresa a um consórcio estatal russo a troco de doações milionárias, embora oito outros órgãos governamentais tenham autorizado a venda e não haja indicações de que Clinton tenha participado pessoalmente no processo. 

Jeff Sessions anunciou-o na segunda-feira e admitiu esta terça que o seu departamento está a analisar o caso. O secretário da Justiça falou ao Senado para mais uma vez prestar declarações sobre possíveis laços entre a campanha de Donald Trump e as operações eleitorais russas, já que os seus depoimentos anteriores mostraram lacunas.

Sessions disse não se recordar de qualquer tentativa de contactar o governo russo, mas sabe-se agora que presidiu uma reunião em que um conselheiro, aparentemente de baixa monta, sugeriu que Trump contactasse Vladimir Putin e criasse um canal para obter material comprometedor para Clinton.

Esta terça-feira, Sessions corrigiu o depoimento dizendo que se recorda de facto da reunião com o assistente, George Papadopoulos, até agora um dos três acusados na investigação russa, mas afirmou também que vetou a ideia de um encontro com o Kremlin e que se esqueceu do caso quando prestou depoimentos ao Congresso. 

Sessions é o membro mais frágil da administração desde que se escusou da investigação às ligações russas – fê-lo porque num primeiro depoimento não referiu uma reunião com o embaixador russo.

Para o presidente, aliás, é ele o principal responsável por haver hoje uma investigação independente à possibilidade de conluio entre a sua campanha e Moscovo. Uma investigação a Clinton, defendida por meios mais conservadores e pelo próprio Trump, pode melhorar a sua reputação e desviar a atenção do caso russo.