Homem esteve preso quase 50 anos por crime que não cometeu

Tinha apenas 19 anos quando foi detido

O homem norte-americano que passou 46 anos preso foi libertado na quarta-feira, cerca de duas semanas depois de um juíz ter alterado a sua condenação quanto ao rapto e violação de uma enfermeira.

O juiz Richard Anderson afirmou que o caso contra Wilbert Jones era “no mínimo, fraco” e que as autoridades possuíam provas que poderiam ter exonerado Jones há décadas. Anderson aplicou uma fiança de apenas 2000 dólares, permitindo assim a libertação do presidiário.

Os procuradores já fizeram saber que vão pedir ao Supremo tribunal do Louisiana para rever a decisão do juiz, mas confirmaram que não têm intenção de voltar a julgar Jones, lê-se no site do Independent.  

Em outubro de 1971, Jones tinha apenas 19 anos. Foi nessa altura que foi detido pela polícia por suspeita de rapto e violação de uma enfermeira no estacionamento de um hospital. Foi condenado em 1974 a prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.

O caso contra Jones tinha como base apenas o testemunho da enfermeira e o facto de esta ter identificado Jones como o autor do crime. A mulher, que morreu em 2008, identificou o suspeito três meses após a violação e, na altura, confessou à polícia que o homem que cometeu o crime era mais alto e tinha uma voz mais rouca do que a de Jones.O juiz Richard Anderson afirma que a polícia tinha estes elementos e mesmo assim decidiu ignorá-los, não passando toda a informação sobre o detido.

Os advogados de Wilbert Jones acreditam que o verdadeiro autor do crime era um homem que foi detido – mas não acusado – por suspeitas de ter raptado e violado outra mulher no mesmo estacionamento, 27 dias depois do ataque à enfermeira. O mesmo homem esteve envolvido noutro caso de violação, em 1973, mas só foi condenado por assalto à mão armada.

Jones, hoje com 65 anos, foi um presidiário exemplar – até os guardas prisionais testemunharam a seu favor. O seu advogado diz que é um homem “de idade, que não representa qualquer ameaça para a comunidade”. O viúvo da enfermeira nãos e opôs à sua libertação, lê-se no no comunicado emitido pela defesa de Jones. “Ele acredita que o senhor Jones esteve preso tempo suficiente e que deve ter a oportunidade de sair e passar os anos que tem com a sua famílias”, revela o mesmo documento.

O procurador responsável pela acusação de Jones também teve um papel importante nesta história – segundo os advogados de defesa, um documento do Supremo Tribunal, datado de 1974, mostra que este homem foi responsável por 11 acusações que acabaram por ter de ser revertidas anos mais tarde.  

Emily Maw, outra advogada de Jones que pegou no caso há 15 anos, emocionou-se ao falar sobre a sua libertação: “Os tribunais demoram muito tempo a reconhecer o erro”, disse com a voz embargada. Jones não prestou declarações.