CGTP fala em “cerca de 60 mil pessoas” na manifestação deste sábado

PCP exige “aumento geral dos salários em Portugal”, particularmente do salário mínimo para os 600 euros

Cerca de 60 mil pessoas, de acordo com a CGTP, marcaram presença na tarde deste sábado numa manifestação pelas ruas de Lisboa – só do Porto saíram três comboios, logo de manhã, com mais de duas mil pessoas. A 10 de outubro, o líder da intersindical nacional, Arménio Carlos, havia convocado os trabalhadores dos setores público e privado, jovens, reformados e desempregados para exigir a “valorização do trabalho e dos trabalhadores, o aprofundamento do rumo de reposição e conquista de direitos e o combate às injustiças e desigualdades”.

A manifestação começou às 15h30, no Marquês de Pombal, com uma faixa vermelha com a inscrição "valorizar o trabalho e as pessoas". O vermelho das bandeiras da CGTP e de sindicatos de vários setores de atividade afetos à central sindical marcaram o tom do desfile, onde participaram também os trabalhadores da empresa Soares da Costa, o Movimento Unitário de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI) e a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações das Forças e Serviços de Segurança. Cartazes com as reivindicações "Salário mínimo de 600 euros em janeiro de 2018", "Fartos de serem maltratados, trabalhadores exigem salários justos", "Posto de trabalho permanente = vínculo de trabalho efetivo" foram desfraldados, bem como as palavras de ordem "A luta continua nas empresas e na rua", "É mesmo necessário o aumento do salário", "Igualdade salarial é urgente em Portugal" ou "Emprego estável sim, precariedade não".

A CGTP garante reconhecer que os trabalhadores já recuperaram parte dos rendimentos e direitos perdidos nos últimos anos, mas defende a necessidade de mais medidas que assegurem a melhoria das condições de vida e do trabalho dos portugueses. O aumento geral dos salários, a fixação do salário mínimo em 600 euros já em janeiro de 2018, o combate à precariedade, a revogação das normas gravosas da legislação laboral e a implementação de uma política que assegure a estabilidade no emprego e respeite os direitos dos trabalhadores de todos os setores de atividade são as principais reivindicações da Intersindical, embora haja mais assuntos a ter em conta, como o combate às desigualdades sociais e à pobreza, a criação de emprego estável e com direitos e a regulação e redução dos horários de trabalho.

No final da manifestação, às 17 horas, na praça dos Restauradores, João Torres – que falou em nome de Arménio Carlos, que estava afónico – deixou o aviso: "A luta vai, garantidamente, continuar." "A luta é o motor do desenvolvimento, como demonstraram os avanços alcançados com os professores esta semana quanto às progressões na carreira. Há avanços, mas é curto o caminho até agora percorrido quando comparado com o muito que há para andar. É preciso uma reposição mais consistente de rendimentos e de direitos", salientou o dirigente, completando: "É tempo de passar das palavras aos atos, de fazer opções e de garantir um novo futuro assente na valorização do trabalho e dos trabalhadores."

Já o PCP, através do seu secretário-geral, reivindicou igualmente "um aumento geral dos salários, particularmente do salário mínimo nacional para 600 euros". "Seiscentos euros era o mínimo de dignidade na vida dos trabalhadores", afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas. "Não existe grande disponibilidade da parte do Governo para o aumento do salário mínimo para os 600 euros em 2018, mas são muitos os trabalhadores que estão a conquistar esse direito nas empresas", sublinhou o líder dos comunistas.