CDS. O mundo não parou depois de Lisboa: nem para Assunção nem para o partido

Assunção Cristas começa hoje uma volta ao país para estabelecer mais pontes com a sociedade civil, como fez em Lisboa

O congresso será só em março e as legislativas só em 2019, ainda que pelo meio haja europeias e isso conte para o CDS. Mas, antes disso tudo, Assunção Cristas já terá corrido o país num módulo semelhante àquele com que conheceu Lisboa – ou se deu a conhecer à capital. De “ouvir” a cidade, a líder centrista passa a “ouvir” o país, e o ciclo de conferências começa hoje, no Porto. Carmona Rodrigues, que foi mandatário na bem-sucedida campanha autárquica deste ano, continuará presente na iniciativa recriada, assim como Pedro Mexia, simpatizante do partido que esteve o ano passado na Escola de Quadros do mesmo.

Para logo à noite são convidados o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, eleito com o apoio do CDS, e uma série de rostos menos políticos, ligados ao mundo académico, empresarial e cultural, como a reitora da Universidade Católica (Isabel Gil), o ex-diretor do Hospital de São João (António Ferreira), a vice-reitora da Universidade de Coimbra (Helena Freitas), a estilista Katty Xiomara, o empresário Luís Vasconcelos e Sousa e o maestro Rui Massena. Para moderar, o CDS terá Raquel Abecassis, a ex-jornalista que foi a candidata do partido à junta das Avenidas Novas, conseguindo ser a freguesia com mais votos em Assunção Cristas na cidade de Lisboa.

A presidente do CDS-PP percorrerá, até às próximas legislativas, todos os círculos eleitorais do país, recolhendo ideias para o programa eleitoral a apresentar. A ideia, ao que o i apurou, será “criar pontes entre o partido e a sociedade civil”, “repetir o sucesso de Lisboa”, onde teve o melhor resultado de sempre, e assim “fazer no país o que se fez na capital”. 

Até lá, Cristas enfrentará uma eleição interna (o congresso foi marcado para março do próximo ano) e eleições europeias (em que o cabeça-de-lista mais natural será o vice-presidente do partido, Nuno Melo, já eurodeputado). Ainda este ano, várias estruturas locais do CDS (concelhias e distritais) também disputarão as suas lideranças, incluindo o próprio Nuno Melo, que é candidato à distrital pela qual sempre foi eleito para a Assembleia da República e na qual é presidente de assembleia municipal há 16 anos (em Famalicão). A candidatura de Melo a Braga tem sido interpretada pelo aparelho como a procura de “um denominador comum” num distrito que tem laivos de rebeldia tradicionais para com a direção nacional do partido – já com Paulo Portas era assim. O mesmo tipo de unanimidade não foi conseguido em Aveiro, em Leiria ou em Viseu, mostrando um partido nacionalmente menos unido dentro de si próprio do que em torno do sucesso local da líder. O facto de Cristas não ser originária da estrutura e, tal como o seu secretário-geral (Pedro Morais Soares), ter estado empenhada a fundo nas autárquicas, não terá beneficiado essa unidade interna – ambicionada, mas por conseguir. 

É nesse sentido, sabe o i, que Assunção Cristas tem sido aconselhada a não encarar o congresso do próximo ano de ânimo leve. Apesar de as alternativas, como a Tendência Esperança Em Movimento, ainda em estado prematuro (até por atraso institucional) e as restantes, estarem apaziguadas pelo bom resultado autárquico ou por ausência de mobilização, a próxima reunião magna dos centristas “não será um passeio no parque”, diz um deputado mais “cristista” ao i, com pelo menos uma lista ao conselho nacional distinta daquela que a direção de Assunção apresentar. 

Portas volta O antecessor de Cristas, Paulo Portas, voltará este ano a falar à JP (Juventude Popular) na Escola de Quadros da jota. Ouvido pelo i, o seu presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, disse: “Paulo Portas, distinguido como militante honorário da JP pela direção nacional a que presido, regressará às suas lições de mundividência e cultura políticas, cumprindo o compromisso que celebrou com a JP: ajudar a criar uma geração de futuro para o CDS.”