Altice. Empresa sob forte pressão nega saída de Cláudia Goya

Grupo diz que não comenta rumores, mas gestora poderá ser afastada da liderança. Isto no mesmo dia em que afastou aumento de capital

Depois de ter sido apontada a saída de Cláudia Goya, presidente executiva da PT/Meo do cargo, a Altice reagiu dizendo apenas: “Não comentamos rumores e negamos que Cláudia Goya esteja de saída da empresa”. No entanto, não confirmou se irá manter-se na liderança da empresa.

A responsável entrou na Altice há apenas quatro meses, depois de ter saído da Microsoft Brasil. A sua nomeação ocorreu poucos dias depois da oficialização da oferta de 440 milhões de euros da Altice pela Media Capital, um negócio que se encontra a aguardar a aprovação final da Autoridade da Concorrência (AdC). Paulo Neves, na altura presidente da PT Portugal, passou a chairman da companhia e ficou com a responsabilidade deste dossier. A demissão surge dias depois da saída de Michel Combes da presidência da Altice e da profunda reestruturação levada a cabo pela empresa.

A verdade é que a Altice continua a estar sob forte pressão principalmente divido à dívida de 50 mil milhões. Ainda assim já veio garantir que não está a preparar um eventual aumento de capital através da venda de ações. Mas volta a deixar uma certeza: não irá procurar “novas oportunidades de fusões e aquisições significativas”, revelou em comunicado.

Estas afirmações contribuíram para uma valorização das ações da Altice que, nas últimas semanas, têm sofrido fortes perdas. No entanto, ontem de manhã os títulos chegaram a ganhar 15% para os 9,32 euros. Ainda assim, longe dos 16 euros que valiam no início deste mês.

Feitas as contas, as ações da empresa já perderam praticamente metade do seu valor desde que a empresa apresentou os seus resultados do terceiro trimestre, a 2 de novembro, em que as receitas caíram 1,8% no terceiro trimestre face ao mesmo período de 2016. Desde o início do ano, a Altice já perdeu 52,74% em bolsa, tendo a sua capitalização bolsista descido para 14,29 mil milhões de euros.

Para a Altice, além da recuperação em França, a alienação de ativos não essenciais dentro da Altice Europe é fundamental para o plano de alavancagem da Altice. E a pensar nisso lembra que “iniciou processos para efetuar alienações já no primeiro semestre de 2018 e atualizará os investidores no devido tempo sobre o seu progresso”, acrescentanto, no entanto, que tem “uma estrutura de capital robusta, diversificada e de longo prazo, com uma forte posição de liquidez”.

A hora da concorrência Os analistas do BPI já reagiram a esta pressão sob a Altice e admitem que, se esta continuar, poderá obrigar a empresa a reduzir o foco em alguns mercados e dá como exemplo as operações em Portugal. E se isso acontecer pode dar à uma oportunidade para uma segunda onda de ganhos materiais de quota de mercado.” Ainda assim, este “não está a ser considerado como o cenário base” do BPI.

Noutro plano, os analistas dizem que a intenção de a Altice vender ativos não-core, como o caso das antenas, poderá levar a que haja uma entrada de uma nova empresa no mercado português.

Recorde-se que as receitas do grupo desceram em França (1,3%), em Portugal (3,1%) e nos Estados Unidos (2,5%), considerados os principais mercados. A liquidez disponível da Altice situou-se em finais de setembro em 5100 milhões de euros, enquanto a dívida total consolidada do grupo ascendia a 49 557 milhões de euros, mais 361 milhões do que no final do segundo trimestre, principalmente devido ao montante pago para adquirir ações do grupo francês SFR.