Liga dos Campeões. A estreita porta dos sonhos lúcidos…

FC Porto em Istambul com olhos postos nos oitavos-de-final. Sporting em casa para garantir a Liga Europa. Benfica no limiar do pesadelo.

Ultrapassou-se a Taça. A Taça de Portugal, como está bem de ver. Os responsáveis pela organização do futebol nacional gostam destes períodos de jejum no campeonato, e assim houve selecção primeiro e eliminatórias a seguir, e já quase perdemos a noção daquilo que se passou na última jornada da Liga. É este intervalo competitivo saudável para as equipas portuguesas que, a partir de hoje, regressam às taças europeias? Pergunta aceitável, mas que pode ter respostas várias, entre o sim e o não e tudo aquilo que de talvez fica de permeio.

Entra em campo o FC Porto, em Istambul, defrontando o Besiktas que aplicou aos dragões um terrível castigo caseiro mas que pode ser o adversário ideal para os lançar no caminho dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Que respondam os portistas ao desaire da primeira volta com uma vitória na segunda: deixá-los-ia à beira de uma qualificação que chegou a parecer mais difícil do que a realidade do momento em que vivemos. Até porque, contrariando o que fizera na última época, o Mónaco tratou de perder fichas de modo a ficar praticamente arredado de qualquer ambição.

Estão seis pontos em jogo para todas as equipas e isso não é de somenos.

Podem fazer-se contas exaustivas, encaixar goal-avarages nas equações, e se assim se fizer percebe-se que mesmo este Benfica de quatro-tristes-derrotas ainda tem uma luzinha de esperança acesa na mesa de cabeceira lá no mais fundo do túnel do sonho. Agora, convenhamos: bem fez Jonas, o avançado-dos-golos-em-barda, dizer recentemente, em entrevista alargada, que pensava era na Liga Europa. Será bem mais prático assumir esta realidade à medida de um ano que, para já, está a ser doloroso em termos europeus para o campeão nacional.

É evidente que um triunfo em Moscovo, perante o CSKA, somado a uma derrota do Basileia (recebe o Manchester United), deixa os encarnados a três pontos dos que os precedem. E, em seguida, há a Luz para apagar os suíços. Só que aquela goleada completamente fora de ordem sofrida precisamente em Basileia, deixou as tais contas dos golos num estado tão miserável que não dá para contemplar o horizonte de forma serena e panorâmica.

Não atribuirá culpas ao alheio esta águia de súbita tristeza, ainda que um ou outro lance duvidoso no jogo inicial face aos russos possam ter tornado injusta a derrota sofrida. Rui Vitória costuma ser essencialmente prático: trata-se de ganhar e nada mais. Ganhar duas vezes com as maiores diferenças possíveis esperar pela decisão dos deuses dessa bola redonda que costuma ser a mágica senhora das paixões.

Alvalade O último dos três portugueses a entrar em campo será o Sporting, em Alvalade, para receber os gregos do Olympiakos. Sabia-se, desde o dia do sorteio maldito, que com Juventus e Barcelona no mesmo grupo, os leões ficariam sujeitos a essa monstruosa lei do mais forte que costuma ser tão dura como todas as leis. Acrescente-se que a ida dos catalães a Turim se transforma, sem grandes doses de dúvidas, no momento mais excitante desta jornada de campeões. Embate em cheio, com assuntos pendentes entre ambos os contendores, com faúlhas ainda acesas da batalha da época anterior e, sobretudo, com a recente vitória gorducha do Barcelona em Camp Nou (3-0). É um facto que, perante a situação espelhada nas classificações, não é certo que o primeiro lugar final dos grupos afaste os seus protagonistas de dificuldades acrescidas na fase eliminatória que virá em seguida. Nomes como Real Madrid, Chelsea ou Bayern de Munique estão aí à beira de se classificarem como segundos, atirando para os oitavos-de-final espinhos bem pontiagudos. Pelo que não vale a pena traçar predições.

Para os leões, a visita do Olympiakos pode significar a garantia, para já, de presença na Liga Europa. Algo bem melhor do que o conseguido na última edição das provas continentais com aquele afastamento precoce às mãos de uns búlgaros bastante medíocres.

Dificilmente Portugal voltará a ter, nos anos mais próximos, três equipas na Liga dos Campeões. O tombo no ranking tem sido doloroso e não há grandes resultados para apresentar outra vez. Aproveitem-se, por isso, dois dias de uma realidade que está à beira de se perder como grãos de areia escorrendo por entre os dedos de uma mão aberta. Istambul, Moscovo e Lisboa serão palco de confrontos interessantes. Esperemos pelas respostas…