FC Porto. Aquele empate saboroso que valida a Europa

Dragões já garantiram futebol europeu em fevereiro, qualquer que seja o desfecho do grupo. Vitória do Leipzig no Mónaco, porém, ainda obriga a suar na última jornada

Aconteça o que acontecer na última ronda deste grupo G, uma coisa o FC Porto já assegurou: vai haver pelo menos um jogo europeu no Dragão em fevereiro de 2018. Além de confirmar o inédito apuramento ao Besiktas – e em primeiro lugar –, o empate em Istambul deu essa garantia aos homens de Sérgio Conceição: na pior das hipóteses, ficarão em terceiro e seguirão para a Liga Europa. O resultado do Mónaco-Leipzig (1-4), todavia, arrefeceu um pouco os ânimos: os dragões terão agora de fazer, na receção aos comandados de Leonardo Jardim, pelo menos o mesmo que os alemães fizerem em casa frente ao Besiktas para pôr o carimbo nos bilhetes para os oitavos – o golo de Maxi Pereira nos descontos do jogo no Dragão com o Leipzig colocou os azuis-e-brancos em vantagem no confronto direto com os alemães.

O mote havia sido dado pelos protagonistas na antevisão. Bem, na verdade já vinha da primeira jornada, quando as águias negras turcas gelaram a capital nortenha com um 3-1 de todo inesperado. Antes da partida de ontem, tanto Sérgio Conceição como Senol Gunes, técnico do Besiktas, tinham rejeitado liminarmente a ideia de jogar para o empate, apesar de esse ser um desfecho que poderia deixar um sorriso nos lábios de ambos. Cumpriram… até certo ponto.

Comecemos pelo princípio. Em relação ao jogo com o Portimonense, naquela reviravolta épica que permite aos dragões ainda continuarem a sonhar com um triunfo em toda a linha na temporada, Conceição fez cinco alterações – entre as quais a entrada de Sérgio Oliveira, o “senhor Champions” –, mas apenas uma delas foi realmente surpreendente: Maxi Pereira entrou para o lugar de lateral direito, atrás… de Ricardo, que neste jogo foi extremo. E excelente exibição fez: a par de Aboubakar, foram os melhores do FC Porto. Quer dizer: os melhores abaixo de José Sá, autor de uma exibição portentosa e que pode ter-lhe conferido o crédito de que provavelmente ainda necessitava na corrida pela titularidade com Casillas.

Muito se falou, antes do jogo, do temível ambiente do Vodafone Arena, onde o Besiktas concedeu apenas uma derrota em 38 jogos desde a inauguração do recinto. No relvado, não se notou temor nos jogadores portistas, embora, no seu todo, o encontro tenha pendido mais para a equipa da casa. A primeira ocasião, de resto, pertenceu a Babel, num tiro de fora da área detido com dificuldade por José Sá.

O Besiktas pressionava alto, não dava muito tempo para o FC Porto construir e planear o seu jogo, mas uma falta de Tosic sobre Sérgio Oliveira acabaria por revelar-se fatal. O livre foi transformado numa combinação mortal entre Alex Telles, Ricardo e Felipe, que concluiu como se de um verdadeiro matador se tratasse.

Quaresma tentou, Sá não deixou A partir daqui, a equipa turca intensificou a pressão e apertou o cerco à baliza portista. Assustou por Quaresma, na primeira grande defesa de José Sá, e acabaria por concretizar as ameaças a quatro minutos do intervalo, num lance concluído por Talisca – que predileção tem por marcar a equipas portuguesas! – mas onde o mérito tem de ir todo para Tosun, que esfrangalhou a defesa portista.

Veio a segunda parte, e com ela uma avalanche ofensiva por parte do Besiktas, materializada por uma bomba de Babel à trave (58’) e nova defesa incrível de José Sá a remate de Quaresma (62’). Na jogada seguinte, todavia, seria o FC Porto a desperdiçar a grande ocasião do segundo tempo: isolado após Aboubakar ganhar no duelo com Medel, Ricardo ficou na cara do guardião Fabri e, com tudo para marcar, tentou um remate de trivela que levou a bola a sair a quilómetros da baliza.

Uma oportunidade incrível, que teve o condão de mostrar ao Besiktas que demasiado ímpeto ofensivo poderia ser fatal lá atrás. Os turcos refrearam os ânimos e a partir daí foram uma equipa mais contida, até porque tinham a garantia de que o ponto lhes servia na perfeição. Com um FC Porto igualmente mais preocupado em não perder do que em procurar desesperadamente o golo da vitória, o jogo foi caminhando para o fim a velocidade de cruzeiro. Contas feitas, os dragões continuam sem conhecer o sabor da derrota em deslocações à Turquia (e já lá vão seis), embora esta tenha sido a primeira vez em que não venceram em casa do Besiktas (no único confronto ali realizado para a Liga dos Campeões, em 2007, tinham ganho por 1-0 com golo… de Quaresma).

O histórico recente de equipas portuguesas na Turquia, de resto, não é nada famoso: nem uma vitória nos últimos oito jogos (quatro empates e outras tantas derrotas). Curiosamente, até foi o Braga a última equipa lusa a sorrir na última visita ao território que outrora foi o coração do Império Otomano: em 2012/13, na Liga Europa, venceu no terreno do Galatasaray por 2-0.