Altice quer vender negócio na República Dominicana

As ações da empresa dispararam com a notícia sobre o negócio. Mas a Standard & Poor’s baixou o outlook (perspetivas de evolução) da dívida de estável para negativo.

A Altice vai vender o seu negócio de telecomunicações na República Dominicana. A ideia é reduzir o elevado nível da empresa na ordem dos 50 mil milhões de euros.

As ações da empresa dispararam com a notícia sobre o negócio: ao valorizarem 6,85% na bolsa de Amesterdão para 8,077 euros. No entanto, na sessão de quarta-feira tinha desvalorização 8,82% para 7,559 euros na bolsa holandesa. Desde o início do ano, os títulos já perderam 59%.

Também hoje a Standard & Poor’s baixou o outlook (perspetivas de evolução) da dívida de estável para negativo, o que ameaça o rating de “B+” da operadora que detém a Meo em Portugal.

 “A redução do outlook segue-se à revisão em baixa das expectativas da administração para o crescimento do EBITDA em 2017 para cerca de 6% face às perspetivas de crescimento a dois dígitos, devido sobretudo aos resultados abaixo do esperado nas operações em França — onde o grupo gera cerca de 40% do seu EBITDA consolidado — que, segundo as notícias, se deveram a contratempos administrativos e operacionais”, diz a agência de notação.

Para a a Standard & Poor’s , a revisão do outlook reflete “ainda o colapso recente na capitalização bolsista do grupo e a deterioração da confiança do mercado de crédito, que, se não for restaurada através de um plano de redução da dívida credível e de uma recuperação do negócio em França, poderá resultar num aumento dos custos de financiamento a médio prazo”.

De acordo com o Financial Times, a venda da rede de telecomunicações na República Dominicana ainda está na fase inicial. O negócio foi adquirido em 2013 por 1100 milhões de euros à também Orange. A empresa serve um total de 4,8 milhões de clientes neste mercado.

Ainda ontem um grupo de acionistas da Altice apresentou queixa em Paris contra a operadora acusando-a de dar informações falsas ou enganadoras. Em causa está a gestão da dívida no valor de quase 50 mil milhões de euros e a queda contínua das ações. A informação foi avançada pelo advogado, Frédérik-Karel Canoy que representa cerca de 50 acionistas e diz que, apesar de estar ser a primeira queixa apresentada, admite que poderão surgir outras.

A queixa aponta para as grandes aquisições feitas pela grupo entre 2015 e 2017, altura em que a empresa comprou, por exemplo, a Portugal Telecom (PT). Para este grupo de acionistas, o endividamento atual é resultado de uma “política de aquisições de grande envergadura”, enquanto os resultados anunciados são inferiores às expectativas. “Patrick Drahi pensa que pode salvar a Altice com audácia. Faz-me lembrar Jean-Marie Messier quando assegurou aos acionistas em 2002 que as coisas estavam melhor do que bem, quando a dívida da Vivendi atingiu 35 mil milhões de euros”, refere o advogado.