O príncipe e a atriz. Um casamento com estreia marcada para 2018

O príncipe Harry, o filho mais novo de Carlos e Diana, vai casar-se com a atriz norte-americana Meghan Markle. Uma união que já está a quebrar tabus

O anúncio chegou ontem pela manhã: sua alteza real o príncipe Harry e a atriz norte-americana Meghan Markle estão noivos. O casamento está marcado para a primavera do próximo ano. Foi o pai do noivo, o príncipe Carlos, a publicar oficialmente a notícia que, além do noivado, dava conta de que o casal irá “viver no chalé Nottingham, no Palácio de Kensington”.

Segundo o comunicado posteriormente disponibilizado no site oficial da família real britânica, o pedido de casamento ocorreu no início do mês, em Londres. Harry, o filho mais novo de Carlos, segue o exemplo do irmão mais velho, William, ao casar com uma plebeia. Mas vai mais longe a quebrar tabus: a noiva, além de não ter linhagem aristocrática, é divorciada.

De enfant terrible a noivo exemplar

Durante anos, Harry foi tido como o enfant terrible da Casa Real Britânica. E com motivos para tal. Apareceu sucessivamente nos tabloides britânicos claramente embriagado, era conhecido por fugir dos seguranças responsáveis pela sua proteção quando saía das discotecas, foi fotografado nu numa festa em Las Vegas e consumia drogas – o pai chegou a enviá-lo para um centro de desintoxicação.

Harry estava numa espiral de destruição: a mistura explosiva da juventude com dinheiro e influência, tendo em pano de fundo uma infância difícil. Afinal, Harry viveu o luto da mãe sob os holofotes e tinha sobre as costas a pressão de ser, até ao nascimento dos sobrinhos, o terceiro na linha de sucessão do trono britânico.

A família bem lutou para manter os excessos de Harry longe do domínio público, mas nem sempre foi bem-sucedida. Em 2005 protagonizou o escândalo porventura mais embaraçoso da sua carreira de bon vivant e que o obrigou a pedir desculpas publicamente. Duas semanas antes do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto – comemorado a 27 de janeiro – apareceu numa festa que seguia o duvidoso tema “coloniais e nativos” com um uniforme nazi e uma suástica no braço. “Peço muita desculpa se causei alguma ofensa. Foi uma má escolha de disfarce.”

Com o passar dos anos foi desaparecendo – pelo menos dessa forma – dos tabloides. Este ano, a propósito de uma campanha de sensibilização para a saúde mental, ao lado de William e da cunhada, Kate Middleton, Harry falou à imprensa britânica pela primeira vez da agressividade e do trauma de perder a mãe, e assumiu que só melhorou após procurar a ajuda de um psicoterapeuta – uma confissão pouco comum entre a realeza e que lhe granjeou muita simpatia. “Estive muito perto, em várias ocasiões, de um esgotamento”, contou o príncipe ao “Daily Telegraph”, revelando que procurou ajuda médica por incentivo do irmão quando tinha 28 anos. A partir daí foi serenando e diz que, entre outros métodos, encontrou no boxe uma forma de “administrar a agressividade e o desejo de bater em alguém”.

Enquanto lidava com estes problemas foi construindo uma carreira militar: pertenceu ao exército britânico até 2015 e integrou duas missões no Afeganistão. Desde que abandonou o exército – diz- -se que por razões de segurança – que se dedica a várias instituições de caridade, além de trabalhar também com militares incapacitados.

Antes de Meghan Markle foram-lhe conhecidas duas namoradas: Chelsy Davy, filha de um empresário sul-americano, e Cressida Bonas. A relação com Markle foi conhecida em outubro de 2016 e, antes do anúncio do noivado, a atriz já tinha figurado num comunicado oficial no site da família real. Irritado, Harry criticou a imprensa por submeter a namorada a uma “onda de abuso e de assédio”, afirmando que raramente se pronuncia sobre “histórias fictícias”, mas que havia sido ultrapassado um limite e que a namorada estava a ser vítima de comentários sexistas e racistas.

De Suits a Kensington

As calúnias irritaram Harry, mas Meghan Markle afirma-se como uma mulher confiante na sua pele. A atriz, filha de um homem caucasiano e de uma mulher negra, escreveu um artigo para a “Elle” americana em que falava das suas raízes: “A minha herança mestiça já me colocou numa zona cinzenta no que diz respeito à maneira como me identifico. Mas, por outro lado, ter um pé de cada lado da cerca fez-me abraçar essa mistura. Tenho orgulho de dizer quem sou e de onde venho e tenho orgulho em ser uma mulher mestiça, forte e confiante.”

Mestiça e feminista, nascida e criada em Los Angeles, Meghan estudou numa escola privada e católica, só para raparigas. Licenciou-se em 2003 em Comunicação Social e antes de terminar o curso foi descoberta por um agente numa festa. Depois de vários papéis menores tanto no cinema como em séries televisivas conseguiu, em 2011, o papel de Rachel Zane, uma das protagonistas da série “Suits”, que a catapultou para a fama. Casou-se nesse ano com o produtor cinematográfico Trevor Engelson, de quem se divorciou em agosto de 2013.

Nos últimos tempos, pequenos sinais já tinham dado conta de que a sua vida iria mudar: despediu-se do elenco de “Suits” e mudou-se de Toronto para Londres. A última confirmação chegou ontem, com o anúncio oficial do noivado e a entrada para a família real britânica. Tal como Kate, Meghan não terá o título de princesa, mas antes de duquesa. Segundo a imprensa britânica, Meghan deverá assumir o título oficial de Harry, que se deverá tornar duque de Sussex.

A tal

Ontem à tarde, durante a sessão de fotos no Palácio de Kensington, Harry e Meghan apareceram de mãos dadas.

Meghan mostrou o anel – uma joia com três diamantes, dois deles pertencentes à coleção pessoal da princesa Diana, desenhada pelo próprio príncipe. Questionado pelos jornalistas sobre quando teve a certeza de que Meghan era “a tal”, Harry foi romântico: “No dia em que a conheci.”

Depois das fotos, voltaram pelos jardins, abraçados. Entretanto, os sites da roupa usada pela noiva já tinham ido abaixo. Começou o efeito Markle.