FC Porto-Benfica termina como começou: 0-0

Dragões falharam três oportunidades flagrantes, sempre por Marega, mas podem queixar-se de um golo mal anulado, num lance que expõe uma enorme fragilidade no sistema do vídeo-árbitro

O clássico entre FC Porto e Benfica terminou como começou: 0-0. Os azuis-e-brancos foram muito melhores ao longo dos 90 minutos, desperdiçaram inúmeras ocasiões – umas vezes devido a defesas de Bruno Varela, outras por falhanços clamorosos de Marega -, mas acabaram por não conseguir desatar o nulo no marcador. Podem, ainda assim, queixar-se de um golo mal anulado, num lance que expõe uma enorme fragilidade no sistema do vídeo-árbitro: Jorge Sousa apitou assim que Aboubakar recebeu a bola, considerando fora-de-jogo do camaronês, e invalidou de pronto o lance, inviabilizando desde logo o golo que se seguiu de Herrera. O problema é que Aboubakar não estava em posição irregular: perto da bandeirola de canto estava André Almeida a pôr em jogo o avançado portista. Se Jorge Sousa tivesse esperado pela conclusão do lance e só então recorresse ao VAR para analisar a jogada, perceberia que o mesmo era legal e o FC Porto teria ficado em vantagem; assim, por ter anulado de pronto a jogada, impediu a intervenção da tecnologia.

A primeira parte, embora com sinal mais do FC Porto, foi mais equilibrada. Os dragões tiveram duas boas oportunidades: um remate acrobático de Danilo por cima da baliza à guarda de Bruno Varela e uma arrancada de Marega, travada com um corte fulcral de Jardel, além de um remate de Herrera que motivou excelente intervenção do guardião benfiquista, embora com o jogo já parado por infração descortinada pelo árbitro Jorge Sousa. O Benfica, todavia, foi mesmo a primeira equipa a criar perigo, com Jonas a obrigar José Sá a uma boa intervenção, depois de uma saída a destempo após um canto. Pouco depois, num lance semelhante, Luisão ganhou nas alturas ao guardião portista, mas Krovinovic chutou por cima.

No segundo tempo, praticamente só deu FC Porto, com o Benfica a criar perigo apenas em jogadas de contra-ataque ou beneficiando de erros da defesa portista, como no lance aos 85' quando um ressalto após disputa de bola de dois defesas azuis-e-brancos deixou Krovinovic na cara de José Sá, que respondeu com uma enorme intervenção. Bruno Varela fez uma grande defesa logo aos 51', a remate em arco de Brahimi, com Marega a desperdiçar nova soberana ocasião aos 59', após falha de Grimaldo. Felipe também ficou muito perto do golo aos 68', após canto, e pouco depois do tal lance de Krovinovic, Jardel falhou o cabeceamento e deixou a bola completamente à mercê de Marega, mas o avançado do Mali atirou miraculosamente por cima.

Como não podia deixar de ser, também houve vários lances polémicos além do já referido golo anulado ao FC Porto. Aos 12', o Benfica pediu amarelo a Felipe, após uma entrada dura sobre Jonas. Jorge Sousa ficou-se pela advertência verbal. Aos 32', Danilo queixou-se de uma cotovelada de Jonas, não percetível nas imagens. Em cima do intervalo, no último lance da primeira parte, os portistas pediram grande penalidade por mão de Luisão – que já tinha cartão amarelo precisamente por ter cortado um ataque prometedor do FC Porto com a mão. As imagens, contudo, não são esclarecedoras; talvez por isso, Jorge Sousa pediu a intervenção do vídeo-árbitro mas acabou por mandar o jogo seguir. Já na segunda parte, o recém-entrado Otávio caiu na área encarnada, queixando-se de uma rasteira de Grimaldo, mas Jorge Sousa considerou ter havido simulação do jogador portista e mostrou-lhe amarelo. E aos 82', um "apagão" momentâneo fez Zivkovic ver o segundo amarelo e consequente vermelho, sete minutos depois de ter entrado: o sérvio fez uma falta sobre Otávio, merecedora do cartão, apenas dois minutos após ter visto o primeiro amarelo por retardar a marcação de um livre portista. 

Recorde-se que só Sérgio Conceição mexeu na equipa em relação à última jornada, onde empatou na Vila das Aves (1-1): Sérgio Oliveira e Marega avançaram para a titularidade, por troca com Corona, que foi expulso nesse encontro, e Soares. Rui Vitória, por seu lado, não fez qualquer alteração em relação à equipa que goleou (6-0) o Vitória de Setúbal na ronda anterior, na Luz. Bruno Varela manteve-se na baliza, Krovinovic completou o meio-campo a três com Fejsa e Pizzi e Cervi alinhou no lado esquerdo do ataque. Diogo Gonçalves, titular em sete ocasiões esta temporada, fica mesmo fora do banco, onde regressaram Lisandro López e Rafa.

 

Onze do FC PORTO

José Sá; Ricardo, Felipe, Marcano e Alex Telles; Herrera, Danilo e Sérgio Oliveira; Marega, Aboubakar e Brahimi

Suplentes: Casillas, Maxi Pereira, Reyes, Hernâni, André André, Otávio e Soares

Onze do BENFICA

Bruno Varela; André Almeida, Luisão, Jardel e Grimaldo; Pizzi, Fejsa e Krovinovic; Salvio, Jonas e Cervi

Suplentes: Svilar, Lisandro López, Samaris, Zivkovic, Rafa, Raúl Jiménez e Seferovic