Argentina. Familiares dos tripulantes de submarino recusam luto nacional

A Marinha decidiu passar a realizar operações focadas na localização do submarino e não no salvamento da tripulação por considerar que as condições extremas são “incompatíveis com a vida humana”

O governo argentino pretende declarar o luto nacional em consequência do desaparecimento do submarino ARA San Juan, com 44 tripulantes a bordo, para revoltas das famílias dos marinheiros. 

Contatados pelas autoridades argentinas, os familiares decidiram abandonar a base naval de Mar del Plata, a 400 quilómetros a sul de Buenos Aires, para prestarem declarações à imprensa. Nestas, expressaram a sua revolta pela intenção de se declarar o luto nacional, algo que é, no fim de contas, o admitir de que a tripulação do submergível se encontra morta. Esta intenção vem no seguimento da marinha argentina ter decidido dar por terminadas as operações de busca e salvamento para, agora, passar apenas para operações com o único objetivo de localizar o submarino. 

A Marinha argentina sustenta a sua decisão com base no argumento de que depois de tanto tempo sem se saber do paradeiro da tripulação e de tantos dias passados que as condições extremas não são "compatíveis com a vida humana". 

"Não aceitamos o luto", disse um dos familiares à imprensa argentina local horas antes do governo ter anunciado a sua intenção. "Não podem declarar luto. Só Deus pode saber se eles estão vivos ou mortos. Temos fé que eles estão bem. Por favor, que o senhor presidente diga que continuará com as buscas", disse outro dos familiares. 

A revolta não é de agora. Desde que o submarino argentino desapareceu a 15 de novembro que os familiares se têm queixado da falta de informações e das condições materiais em que o submergível se encontrava quando abandonou a base. "Sepultaram-nos vivos", denunciou Carmen Ibañez, irmã de um dos tripulantes. 

O submarino comunicou pela última vez momentos antes de se registar uma explosão perto da sua última localização conhecida.