A aposta no futebol das mulheres

Quando falamos de futebol, ultimamente não tem sido pelas melhores razões.

Fernando Gomes, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, tem estado no olho do furacão por causa de dirigentes e árbitros.

Também no olho do furacão tem estado a Altice, o gigante das telecomunicações, dona da PT e da Meo.

Mas esta semana a PT e Gomes juntaram-se fazer uma revolução: provar que mulheres e homens valem o mesmo e devem ser tratados de igual maneira. Às vezes, os bons exemplos veem de onde menos se espera…

As seleções femininas têm crescido muitíssimo no mandato de Fernando Gomes, com 2017 a ser um ano histórico para o futebol feminino.

Crescimento anual de 35% nas praticantes federadas e recorde de jogos das seleções femininas. Em 2017, a FPF bateu o recorde de assistência num jogo de futebol feminino no país (12.000 pessoas nas bancadas do Jamor na final da Taça Portugal Allianz).

 O jogo entre Sporting e Braga teve 12.213 espetadores no Jamor, mas a transmissão televisiva pela RTP, num domingo à tarde, atingiu os 500.000 espetadores. Meio milhão de pessoas a ver futebol feminino!

O futebol feminino está a crescer em todos os países ricos da OCDE e em Portugal também, a FPF sabia disto, mas uma coisa é saber e outra, bem diferente, é convencer um patrocinador a pagar e a assumir publicamente que trata igualmente mulheres e homens no desporto e na sociedade.

O patrocinador foi encontrado e é nada mais nada menos do que a Altice. A FPF e a Altice/PT anunciaram esta semana o reforço da sua ligação até 2024.

O patrocínio estende-se a todas as seleções nacionais masculinas e femininas, entre as categorias AA e sub- 15, no futebol, futsal e futebol de praia.

Fernando Gomes, falando na cerimónia, sublinhou que se tratava de «ambição».

E vejam bem: não é aquela conversa mole de que as mulheres são diferentes, mais sensíveis porque são mães, etc. Não. A justificação é a ambição.  Juntar na mesma frase ambição e mulheres de forma positiva é um ato revolucionário (porque, de cada vez que se quer ofender uma mulher, já não se diz que é uma meretriz, diz-se que é «ambiciosa»).

É assumir que as mulheres têm o mesmo pleno direito de quererem coisas, trabalharem para elas e serem (bem) reconhecidas por isso.

A MEO (que pertence à Altice) será a primeira marca a estar em todas as seleções.

«Para a Federação as mulheres não valem menos do que os homens. Para a Meo também não», disseram.

Isto parece coisa pequena, mas não é. Parece simples, mas a Altice foi o primeiro patrocinador a fazê-lo. E sendo uma empresa de tecnologia e inovação, é um excelente sinal. É sinal de que o futuro não faz descriminações de género.

Era bom que a política, as empresas e os media pusessem os olhos nisto.

sofiarocha@sol.pt