Sporting e Benfica. O verde da esperança a contrastar com o vermelho da honra

Os leões ainda acreditam no apuramento para os oitavos-de-final; as águias já só corrempelo amenizar da pior prestação de sempre na fase de grupos da prova. Os dois rivais de Lisboa jogam hoje o seu destino

Sporting e Benfica unidos por um dia. Em termos de Liga dos Campeões, hoje só haverá um objetivo possível para os dois rivais seculares: a vitória. Outro desfecho que não esse frustrará a esperança verde-e-branca e a luta pela defesa da honra encarnada.

Claro que estamos a falar de patamares diametralmente opostos. O Sporting ainda está na luta pela passagem aos oitavos-de-final da Champions, depois de uma fase de grupos muito positiva onde conseguiu olhar nos olhos de Barcelona e Juventus; o Benfica tem o único objetivo de ganhar para evitar fazer a pior fase de grupos de sempre de uma equipa portuguesa na competição – até agora pertença dos leões (dois pontos em 2000/01).

Neste caso, a tarefa parece mais hercúlea se a virmos do ponto de vista dos leões. Ir a Camp Nou vencer, ainda que se preveja um Barcelona com algumas segundas linhas, dificilmente pode ser visto como mais do que uma mera ilusão. E não é tudo: o Sporting ainda tem de esperar que a Juventus não vença o Olympiacos em Atenas. Será preciso quase um milagre – mas se está um Jesus no banco é por algum motivo. “Não serão precisos mais adjetivos para qualificar esta equipa do Barcelona, apenas recordar que a última derrota em casa foi com o Bayern em 2013. Há quatro anos que não perde em casa em jogos da Liga dos Campeões. Tudo isto é sinónimo do poderio do Barcelona”, recordou ontem o técnico leonino, voltando a frisar, todavia, que o Sporting “tem possibilidades de disputar o encontro” com o conjunto blaugrana: “Acreditamos no nosso valor, já demonstrámos o que podemos fazer. Achamos que temos hipóteses de disputar este jogo.”

A crença deste Jesus, de resto, cresce exponencialmente se Messi ficar de fora. “Uma vez que não jogou o último jogo, em Turim, diria, por palpite, que o Messi não vai jogar de início amanhã. O Messi é um extraterrestre, como outros três ou quatro jogadores. Ele faz a diferença”, assumiu o técnico, garantindo, ainda assim, que a equipa está preparada para o caso da Pulga jogar. E terminou a antevisão com uma tirada à Jesus, quando instado a comentar as palavras de Thiago Silva, central do PSG que um dia afirmou que a receita para travar Messi e Suárez era… rezar. “Isso liga bem. Rezar muito para pará-los, porque sou o Jesus”, atirou, antes de responder mais a sério: “Mas o futebol não passa por aí. Eles são dois grandes jogadores e pará-los é muito difícil. O Coates é um dos jogadores que conhece muito bem o Suárez e o Mathieu conhece bem o Messi. Isso tornou o jogo de Lisboa muito mais difícil para ambos. Espero que estejam ao mesmo nível do que aconteceu em Lisboa.”

O Sporting partiu para Barcelona sem Doumbia e Jonathan Silva, ambos ainda a recuperar de problemas físicos. Já os catalães não poderão contar com Iniesta, Umtiti, Arda Turan, Mascherano, Dembelé e Rafinha. Nélson Semedo e André Gomes, por outro lado, estão na lista de Ernesto Valverde, que assumiu a “responsabilidade de ganhar” do Barça, apesar de já ter o primeiro lugar do grupo assegurado. “Estamos numa competição de que gostamos, temos responsabilidade para com o público e a nossa intenção é ganhar. Todos os jogos são testes. Continuamos sem perder e não queremos perder amanhã”, sentenciou.

Rodar para ganhar

Na Luz, apresentar-se-á um Benfica a lamber as feridas resultantes de uma caminhada horrível, com cinco derrotas noutros tantos jogos. Aos encarnados, em retoma no campeonato, resta a luta pelo brio de fechar a campanha com uma vitória que amenize minimamente os estragos. Pela frente, todavia, estará a equipa que causou a maior humilhação da temporada às águias (ainda ninguém esqueceu os 5-0 de Basileia) e que precisa de um bom resultado para segurar o apuramento.

Como tal, Rui Vitória assume estar à espera de uma “equipa matreira”, que não vai à Luz “mostrar coisas maravilhosas”. “O Basileia, se calhar, aproveitou coisas que nós não aproveitámos, foi mais esperto, teve mais sorte”, realçou o treinador dos encarnados, admitindo ainda dar minutos a jogadores menos utilizados: “Queríamos era estar a disputar o apuramento. Como isso não acontece, vamos aproveitar o jogo para outros objetivos. O primeiro é ganhar, depois possibilitar também que alguns jogadores que não jogaram este fim-de-semana possam jogar amanhã. Vamos mudar algumas peças, mas as ideias irão lá estar.”

Tendo por base esta premissa, Rui Vitória chamou nomes como Douglas, Rafa, João Carvalho ou Gabriel Barbosa, que poucas oportunidades têm tido.

Do lado do Basileia, muitas cautelas e uma certeza: este Benfica não mostrou a sua valia nesta prova. “Obviamente ficámos todos surpreendidos por o Benfica ter zero pontos ao fim de cinco jogos, ninguém contava com isso. Mas estes pontos não refletem a qualidade do Benfica. É um grande clube, com uma grande equipa e não podemos pensar que iremos ter um jogo fácil. Os 5-0? Foi uma noite perfeita e penso que não teremos a mesma sorte duas vezes. Para mim, o Benfica continua a ser o favorito, tem uma grande equipa”, salientou Raphael Wicky, o treinador dos suíços.