Investigador diz que cancro será como o VIH daqui a 15 ou 20 anos

O investigador João Viola, do Instituto Nacional do Cancro, no Brasil, considerado um dos melhores a nível mundial na investigação de Oncologia, refere que não seja possível uma cura efetiva para o cancro nas próximas décadas.

João Viola acredita que, nas próximas décadas, a cura efetiva para o cancro não seja uma possibilidade, no entanto, prevê que esta patologia passe a ser uma doença crónica controlada, permitindo mais anos e melhor qualidade de vida aos doentes.

De acordo com um estudo do instituto Datafolha, o diagnóstico do vírus da sida é aquele que mais pessoas temem ouvir – cerca de 76% dos inquiridos.

O estudo refere que a maior parte dos entrevistados considera que esta é uma “sentença de morte”.

No entanto, contrariamente ao senso comum da sociedade em geral, o cancro é a doença que mais mata, tem maior incidência e é mais letal do que o VIH.

Em Portugal, só no ano passado, houve 1030 novos diagnósticos de vírus da sida, e relativamente a diagnósticos de cancro houve 40 mil novos casos. Esta doença mata, anualmente, cerca de 20 mil pessoas.

João Viola, chefe da divisão de investigação experimental e translacional do Instituto Nacional do Cancro no Brasil (Inca), defende que já é possível dizer que "a grande maioria dos cancros são curáveis".

"Hoje temos capacidade de curar doentes. Esse estigma, temos também de combater", afirma em entrevista à BBC.

Contudo, o cientista sublinha que vai ser difícil falar em "cura definitiva", uma vez que a doença pode ser extinta num órgão e reaparecer num outro.

"É muito difícil falar em cura porque, uma vez tendo a doença, é preciso estar sob vigilância. Mas o que nós prevemos é que, em 15 ou 20 anos, o cancro se torne na mesma coisa que o VIH/Sida. O doente fica em tratamento-controlo por muito tempo até que a doença se torne crónica", indica, concluindo ainda que "isso é bem plausível, bem possível".