Mineração. Lusorecursos quer explorar ouro e Novo Lítio reorienta estratégia

Grupo português tem estado em litígio, que chegou a vias judiciais, com australianos devido a prospeção de lítio em Sepeda, Montalegre

A Lusorecursos entregou junto da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) um pedido para explorar uma mina de ouro em Marrancos, Vila Verde. A entrega foi feita após uma solicitação semelhante para a exploração de lítio em Sepeda, Montalegre, um projeto cuja prospeção levou a um litígio judicial com a Novo Lítio.

Este pedido de exploração da mina de ouro, semelhante ao do lítio, foi entregue a 6 de dezembro, um dia antes de terminar o prazo da licença de prospeção. Este contrato, válido por cinco anos, tinha sido assinado a 7 de dezembro de 2012. Em nota a que o i teve acesso, a Lusorecursos revela que avançou para a exploração depois de “terminada a fase de prospeção com resultados positivos quanto à rentabilidade da mina”, “preenchendo todos os requisitos” e “comprovando a sua capacidade financeira e técnica para desenvolver todos os trabalhos”.

O comunicado da empresa de Braga diz que o seu objetivo é “preservar o interesse público, os recursos naturais do país e contribuir para que as políticas públicas conduzam a que o valor acrescentado desse recurso fique de facto em Portugal”.

A mesma nota acrescenta que a firma quer “construir um autêntico cluster dos minérios metálicos em Portugal” e assim ajudar o país a “consolidar competências” para garantir o valor acrescentado dos recursos”.

Na semana passada o Tribunal de Braga rejeitou a providência cautelar interposta pela firma australiana Novo Lítio contra a Lusorecursos por causa de uma concessão da exploração de uma jazida de lítio em Sepeda, Montalegre.

Na providência cautelar os australianos alegavam ter-lhes sido cedida a posição do contrato de prospeção e diziam que a Lusorecursos iria perder a concessão, por falta de capacidade para a a concessão da exploração.

A Lusorecursos rejeitou a alegação, referindo que o contrato de prospeção lhe foi outorgado e renovado, o que só foi possível por ter provado capacidade. O tribunal aceitou a posição.

Outros projetos

Apesar da decisão do Tribunal de Braga, a Novo Lítio decidiu também entregar na DGEG “o seu plano de exploração completo, bem como o correspondente pedido de licença de exploração”. Também ontem, em comunicado enviado ao i, a Novo Lítio revela que “enquanto continua a avançar de forma célere com a sua ação jurídica para proteger os seus interesses” em Sepeda, colocará “mais ênfase no desenvolvimento dos seus outros projetos”.

A empresa diz que o objetivo é “evitar mais atrasos e perturbações na estratégia europeia de desenvolvimento de lítio” e garante estar “solidamente financiada e estrategicamente posicionada” para “procurar encontrar novas jazidas de lítio”.

A Novo Lítio diz ainda esperar obter da DGEG “várias das licenças solicitadas e que não se encontram sobrepostas a outras empresas”. A empresa quer garantir desta forma um maior recurso global deste mineral para “assegurar a construção de uma fábrica de carbonato de lítio para baterias em Portugal”.

A Novo Lítio anunciou também que obteve na semana passada as licenças de perfuração para o projeto de lítio Spodumenberget, na Suécia, e que quer começar a perfurar no primeiro trimestre de 2018.