Quem traiu Anne Frank e a sua família?

Foi aberta uma nova investigação

Ao longo das últimas décadas, foram muitos os que defenderam que a família de Anne Frank foi detida por nazis em Amesterdão, após o seu paradeiro ter sido denunciado por pessoas próximas. Foram apontados dedos a vários ‘traidores’, mas nunca se chegou a uma conclusão. No ano passado, o historiador Gertjan Broek alegava que a família da jovem alemã não tinha sido traída, mas sim apanhada numa investigação. Agora, um antigo agente do FBI decidiu reabrir o caso e tentar perceber quem está por detrás da detenção e morte de vários familiares de Anne Frank.

Vince Pankoke vai liderar uma equipa de 19 investigadores que, com recurso as tecnologias desenvolvidas nas últimas décadas, tentará finalmente descobrir quem esteve por detrás da denúncia. A casa de Anne Frank, em Amesterdão, já disponibilizou os arquivos guardados naquele espaço.

No ano passado, uma investigação levada a cabo pela Casa Anne Frank avançou com a hipótese de a família da jovem judia não ter sido traída, mas sim apanhada numa investigação ligada ao racionamento de cupões de alimentação. No entanto, a equipa de investigadores não rejeita a hipótese de esta família ter de facto ter sido denunciada por pessoas que lhe eram próximas.

Nos estudos preliminares, Pankoke afirma ter descoberto novas provas em documentos que foram recentemente desclassificados. Os guardas alemães mantinham registos meticulosos das detenções realizadas, mas, até agora, as autoridades acreditavam que os registos da família de Anne Frank tinham sido destruídos nos bombardeamentos britânicos, em 1944.

“Eu passei muito tempo no Arquivo Nacional norte-americano e descobri documentos vindos de Amesterdão que, supostamente, não existiam. Alguns deles foram danificados pela água e pelo calor e estão escritos num alemão técnico, o que dificulta a procura de informação. No entanto, já encontrámos uma lista com nomes de judeus que foram detidos após traição, uma lista de informadores e nomes de agentes da Gestapo que viviam em Amesterdão”, explicou Pankoke ao jornal britânico Guardian.

Os investigadores lançaram um apelo a quem tenha vivido na área de Joordan – onde Anne Frank e a família viveram escondidos durante dois anos, antes de serem descobertos pelos nazis, a 4 de agosto de 1944 – para que revelem informações que possam ter sobre o assunto.

Anne Frank morreu em fevereiro de 1945, em Bergen-Belsen. Apenas o seu pai, Otto, sobreviveu.